Mesmo dizendo besteiras Bolsonaro evita polêmicas
Foto: EVARISTO SA/AFP
Após isolamento por conta da covid-19, derrotas no Supremo Tribunal Federal (STF) e a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro abaixou o tom do discurso.
Nas últimas aparições públicas, Bolsonaro evitou os ataques à imprensa, ao Judiciário e às lideranças políticas e focou na propaganda da cloroquina.
O entendimento de aliados é que a estratégia melhorou o ambiente político e permitiu abertura para retomar a agenda positiva do governo.
Com isso, já veem condições para avançar no projeto Renda Brasil, que seria uma reformulação e ampliação do Bolsa Família.
Outro destaque é a divulgação de resultados positivos dos Ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional.
Ao lado do ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), o presidente inaugurou o sistema de abastecimento que capta água do Rio São Franscisco, no município de Campo Alegre de Lourdes. Na viagem, aproveitou para pousar com o líder do centrão, Ciro Nogueira (PP-PI).
Bolsonaro também mexeu peças no Congresso visando à formação de uma base de apoio mais “coesa” e menos “radical”. Para acomodar o centrão, ele tirou da função de vice-líder parlamentares da ala ideológica, como os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Daniel Silveira (PSL-RJ) e Otoni de Paula (PSC-RJ).
Outro aliado ideológico, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub foi demitido, após diversas polêmicas com ministros do STF, membros do Congresso e até com a Embaixada da China no Brasil.
Segundo o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), o presidente passou a “falar para dentro” do governo.
“Não tem obrigação de falar o dia todo para fora. O que está ficando claro é que o governo está sendo bem tocado e as coisas acontecem em diversas áreas. Isso toma tempo. E uma questão que tem que ser respeitada é que ele ficou doente”, disse Gomes.
Por outro lado, nos bastidores, Bolsonaro pediu para a Advocacia-Geral da União (AGU) acionar o STF em prol de empresários bolsonaristas. Decisão do ministro Alexandre de Moraes derrubou perfis de apoiadores do presidente em redes sociais.
O STF impôs diversas derrotas a Bolsonaro desde o começo do ano, desde medidas para barrar a troca do diretor-geral da Polícia Federal até a prisão de apoiadores.
Inquérito no STF que apura a veiculação de notícias falsas já cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de aliados do presidente, além da decisão que suspendeu contas bolsonaristas nas redes sociais.
Entre as pessoas suspeitas de envolvimento com a rede de divulgação de ofensas, estão o empresário Luciano Hang, fundador da Havan, a militante Sara Winter, os blogueiros Wiston Lima e Allan dos Santos, o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), o presidente nacional do PTB, ex-deputado federal Roberto Jefferson, e o assessor do Planalto Tércio Arnaud Thomaz.
Em junho, o ex-assessor Fabricio Queiroz foi preso no interior de São Paulo, na casa de Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro. De acordo com investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro, Queiroz é apontado como o coordenador de um esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).