OMS acusa Bolsonaro de eternizar pandemia no Brasil
Foto: Reprodução/ Uol
A proliferação do coronavírus no Brasil não cai, a cloroquina não funciona e a doença continua ativamente se espalhando pelo país. O alerta foi emitido pela OMS, no momento em que o Brasil supera a marca de 100 mil mortos. A agência também deixa claro que o governo brasileiro terá de continuar a dar apoio financeiro à sociedade.
O recado foi uma resposta direta ao comportamento do presidente Jair Bolsonaro que, nos últimos dias, voltou a fazer uma campanha em prol da hidroxicloroquina, questionou o distanciamento social e criticou vacinas que possam vir da China. Além disso, ele deixou claro que o governo não teria como manter a ajuda financeira à sociedade.
Para a OMS, o distanciamento social precisa ser mantido no Brasil. Mas reconheceu que a sociedade precisa de ajuda. “É difícil para muitos no Brasil”, disse Mike Ryan, diretor de operações da OMS. “Muitos vivem em locais lotados e na pobreza. Manter essas atividades é muito difícil. “O governo deve continuar a dar apoio à sociedade.
É difícil agir como comunidade se não recebe apoio. Não se pode empoderar comunidades com palavras. Elas precisam de ações. Ela precisa de recursos e conhecimento. Sociedades não podem agir com as mãos atadas nas costas. Elas precisam receber recursos e meios para agir”, alertou o chefe da OMS.
Para Ryan, o Brasil continua a registrar entre 50 mil e 60 mil novos casos por dia, com uma taxa de proliferação entre 1,1 e 1,5. “O vírus ainda está ativamente se espalhando por grande parte do país”, alertou. O representante da OMS fez questão de elogiar os profissionais do sistema de saúde do país e destacar como as UTIs estão lidando com a crise.
Em alguns locais, a ocupação varia entre 80% e até mais de 90%. “Qualquer um que trabalhe nisso reconhece a pressão”, disse. “Manter isso por vários meses é uma tarefa praticamente impossível”, alertou.
Ryan destaca que, em média, 20% das pessoas testadas no Brasil revelam que estão contaminadas, um número considerado como elevado. “Muitos indicadores apontam que a transmissão continua e contínua pressão sobre o sistema de saúde”, disse.
Segundo ele, ainda que o número de casos aumente apenas entre 10% e 12% por semanas, a base é elevada. “O Brasil está mantendo um nível muito elevado da epidemia. A curva está mais achatada. Mas ela não está caindo e o sistema está sob dura pressão”, afirmou.