PGR vai pra cima de Witzel
Foto: Pablo Jacob
Trechos da delação do ex-secretário de Saúde do Rio Edmar Santos, revelados no fim de semana pela Globo, dão uma pista do que pode sustentar o pedido de afastamento – e até mesmo prisão – de Wilson Witzel e de figuras importantes do seu governo.
Santos narrou a investigadores ter sido alvo de ameaças na prisão, antes de sua delação deixar de ser uma suspeita para virar realidade. Apontou aliados do pastor Everaldo Pereira, cacique do PSC e um dos que mandavam na área de Saúde do Rio.
Santos disse também que foi pressionado a mudar de advogado e revelou até ter feito reuniões com um defensor que depois veio a ser contratado pelo próprio Witzel.
No trecho da delação a que o Radar também teve acesso, Edmar relatou que a recomendação para que o advogado de Witzel fosse contratado partiu de José Carlos de Melo, ex-jogador de futebol e pró-reitor de uma universidade particular na Baixada Fluminense, a quem é atribuída certa influência no atual governo.
O ex-secretário disse que Manoel Peixinho foi apresentado a ele como “alguém qualificado para defendê-lo” e “bastante ligado” ao ex-chefe de gabinete da Casa Civil Cássio Rodrigues. Ele afirma que esteve no escritório do advogado duas vezes mas “não se sentiu confortável para contratá-lo”.
Tudo no mesmo momento das investigações em que era candidato a delator.
Não se sabe o que Santos relatou aos investigadores sobre as conversas que teve com o advogado de Witzel, quando o grupo político do governador tentava controlar seus passos pré-delação.
A notícia de que o ex-secretário, sentindo-se ameaçado, gravou suas conversas com figuras importantes do governo e da Alerj também abre um universo de possibilidades aos investigadores.
No STJ, ministros que conhecem a investigação dizem que o secretário reuniu provas que são “batom na cueca”. O Radar mostrou na edição de VEJA que está nas bancas que a PGR prepara de fato medidas duras contra Witzel, uma delas seria o afastamento, que poderia não ser a única.
Os vazamentos da delação de Santos mexeram com o cenário político do Rio — embora dentro do governo os trechos tenham sido tratados como “inconsistentes” e “incoerentes”.
Por ora, prepararam o terreno para que ninguém fique surpreso com as medidas solicitadas pela PGR ao STJ contra Witzel e seu governo.