Procuradoria de Angola fecha templos de Edir Macedo
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A Procuradoria-Geral da República de Angola deflagrou uma operação nesta sexta-feira, 14, para fechar templos da Igreja Universal do Reino de Deus nas cidades de Luanda, Viana e Cazenga. As medidas são fruto de uma investigação iniciada no final de 2019 que apura se a instituição comandada pelo bispo Edir Macedo cometeu supostas irregularidades, que vão desde discriminação racial e imposição de vasectomia a evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Não se sabe ainda quantos templos foram “apreendidos” pelas autoridades angolanas – este é o termo que o governo utilizou para definir a ação. Os templos interditados ficarão nas mãos do Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR), vinculado ao Ministério da Cultura, até que seja tomada alguma decisão judicial.
Instalada no país desde 1992, a Igreja Universal em Angola enfrenta um confronto entre dois grupos antagônicos – um, formado por brasileiros e angolanos ligados a Edir Macedo e ao líder em Angola, o bispo Honorilton Gonçalves; e o outro, de pastores angolanos dissidentes que se autointitulam a “comissão reformada” da Universal e são comandados pelo bispo Valente Bezerra Luís.
No fim de julho, o segundo grupo publicou a ata de uma assembleia-geral no Diário Oficial do país, “formalizando” a destituição da liderança brasileira da instituição religiosa. O grupo pró-Macedo reagiu dizendo que o documento “não tem validade nem legalidade”. E o conflito pelo comando da igreja, que arrecada uma soma considerável de milhões de reais dos fiéis, ainda continua.
Em julho, o presidente Jair Bolsonaro se envolveu na questão, ao enviar uma carta ao presidente de Angola, João Manuel Lourenço, manifestando “preocupação” com os “recentes episódios” e pedindo uma proteção maior aos membros brasileiros da igreja, “a fim de garantir sua integridade física material e a restituição de propriedades e moradias”. Bolsonaro tem o bispo Edir Macedo como um de seus maiores aliados no meio evangélico. O Congresso Nacional também se envolveu e passou a planejar uma viagem oficial ao país, em setembro, para verificar as denúncias de violência contra os pastores brasileiros.
Apesar da intervenção de Bolsonaro e do Parlamento brasileiro no conflito, o governo angolano manteve as investigações e tem insistido em dizer que o impasse não é de ordem política, mas jurídica.