Queiroz tenta explicar reunião com advogado de Flávio
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Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o policial militar reformado Fabrício Queiroz reconheceu em depoimento que esteve com o advogado Christiano Fragoso, que teria sido recomendado pelo empresário Paulo Marinho para atuar na defesa do filho do presidente Jair Bolsonaro na investigação que apura lavagem de dinheiro em esquema de “rachadinhas” de salários na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A Informação foi divulgada pelo jornal “O Globo” e confirmada pelo Valor. Flávio é suspeito de liderar esquema de lavagem de dinheiro no qual Queiroz atuaria como operador financeiro, segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ).
O advogado de Flávio, Rodrigo Roca, disse que “a despeito da conotação que se pretendeu dar às declarações do senhor Queiroz, a verdade é que seu depoimento nada menciona sobre ciência a respeito de ilícitos, mas, tão somente, satisfação quanto ao que estava sendo investigado”. Segundo o criminalista, “a própria defesa do depoente registrou isso”.
Queiroz prestou depoimento ontem ao Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro na investigação que apura o vazamento da Operação “Furna da Onça” da Polícia Federal (PF), deflagrada em 8 de novembro de 2018 para apurar corrupção no Legislativo fluminense. Relatórios de Inteligência Financeira produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) – órgão de combate à lavagem extinto durante o governo Jair Bolsonaro – levaram a investigação até Queiroz. A apuração é feita pelo MPF porque cabe ao órgão o controle externo da atividade de Polícia Judiciária.
No depoimento prestado ontem, o policial militar reformado disse que esteve em um escritório no centro do Rio de Janeiro que pertence a um advogado chamado Christiano e que acredita que se trate de Christiano Falk Fragoso. A banca do criminalista fica na Rua da Ajuda, região central do Rio. No entanto, Queiroz não revelou detalhes do encontro, nem o motivo pelo qual teria se reunido com o advogado. O depoimento está sob sigilo. A reportagem não conseguiu contato com Fragoso até o fechamento desta edição.
O inquérito que apura vazamento de informações da Furna da Onça, antes mesmo de a operação ter sido deflagrada, foi instaurado depois que o empresário Paulo Marinho, apoiador da candidatura presidencial de Bolsonaro, afirmou ao jornal “Folha de S. Paulo” que Flávio teria sido alertado de que a PF dispunha de informações financeiras e fiscais sobre transações realizadas por Queiroz. Ao MPF Marinho ratificou essa versão. Já o atual senador nega ter sido avisado sobre a operação.
Conforme a versão do empresário, o advogado Fragoso foi indicado por ele para assumir a defesa de Flávio durante reunião ocorrida na residência de Marinho, no Rio, em 13 de dezembro de 2018.
O encontro teria sido solicitado por Flávio depois que as informações sobre as rachadinhas se tornaram públicas, em 6 de dezembro daquele ano.
Marinho afirmou também que, na reunião em sua casa, Flávio estava acompanhado do advogado e então funcionário de seu gabinete na assembleia, Victor Granado Alves, que teria revelado o vazamento de dados da Furna da Onça por intermédio de um delegado da PF antes do segundo turno da eleição presidencial.
Em depoimento anterior prestado ao MPF quando ainda era mantido em prisão preventiva em Bangu 8, Queiroz contou ter conversado com Flávio sobre a investigação das rachadinhas. Na ocasião, no entanto, o policial aposentado foi ouvido na condição de testemunha, modalidade de oitiva que não permite ao inquirido ficar em silêncio. Já investigados podem ficar calados porque a lei permite que não incriminem a si mesmos.