Rei da Espanha está abrigado nos Emirados Árabes

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Foto: REUTERS/Francois Lenoir

A Casa Real espanhola confirmou nesta segunda-feira (17) que o rei emérito Juan Carlos I buscou refúgio nos Emirados Árabes Unidos desde sua saída da Espanha. Em um brevíssimo comunicado, a monarquia espanhola informa que o rei emérito está no país desde o dia 3 de agosto.

Ligado a um escândalo de corrupção, o ex-rei deixou a Espanha no início do mês, sem anunciar seu destino. O exílio incógnito amplificou as críticas contra a saída do rei, tratado por muitos desde então como “fugitivo” de uma investigação por corrupção e lavagem de dinheiro.

O comunicado desta segunda afirma que Juan Carlos está no país do Golfo Pérsico, mas não deixa claro se este será seu destino escolhido para seu exílio. Fontes próximas do monarca duvidam que este seja seu paradeiro final, segundo informou o jornal El País.

O antigo rei deixou o Palácio de Zarzuela no dia 2 de agosto e passou a noite com amigos em Pontevedra, na Galícia. No dia seguinte, pegou um jatinho privado em Vigo que o levou a Abu Dabi, segundo o jornal espanhol ABC.

A confirmação oficial veio apenas dez dias após o períodico ABC publicar sua rota e mostrar fotos de Juan Carlos I em Abu Dhabi. Segundo o jornal, naquele momento o rei emérito estava hospedado em uma das seis suítes presidenciais do hotel Emirates Palace, onde a diária custa cerca de R$ 70 mil.

Seis anos após sua abdicação, o rei emérito colocou a monarquia espanhola em uma situação complicada. A promotoria suíça e a justiça da Espanha investigam a origem de um depósito de US$ 100 milhões (mais de R$ 500 milhões) feito pelo Ministério da Arábia Saudita em 2008 em uma conta suíça da Fundação Lucum. A fundação panamenha tem como beneficiários Juan Carlos e seu filho Felipe, atual rei espanhol.

A suspeita é que o dinheiro seja um pagamento secreto feito pelo governo saudita em retribuição a um contrato fechado com empresas espanholas para a construção de um trem de grande velocidade entre Meca e Medina, inaugurado em 2018.

O nome do ex-monarca apareceu a partir de registros de áudio feitos por um antigo policial com a ex-amante de Juan Carlos, Corinna Larsen. Em algumas das conversas gravadas em 2015, Corinna afirma que o rei emérito teria recebido dinheiro saudita e ainda conta que um dos primos do monarca, Álvaro Órleans, seria seu testa de ferro para pagamentos ilícitos, de acordo com o jornal espanhol El Pais.

Órleans, por meio de uma fundação com sede em Luxemburgo, teria pago milhões de euros em voos para o casal, segundo aponta uma investigação suíça de lavagem de dinheiro.

O rei emérito não está sendo investigado no momento pela justiça suíça, embora, segundo o El Pais, fontes judiciais não descartem que ele seja investigado no futuro.

Na Espanha, em junho, a procuradora-geral do Estado, Dolores Delgado, pediu que a promotoria do Supremo Tribunal determine se há indícios suficientes de que o antigo chefe de Estado possa ter cometido lavagem de dinheiro e crime fiscal.

O comunicado do destindo de Juan Carlos I pretende assegurar que o antigo monarca “permanece à disposição” da Justiça espanhola.

Rfi