Vídeo game põe Bolsonaro, Lula e Ciro para trocar “porrada”
Foto: Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é um dos personagens do recém-lançado “Kandidatos”, jogo de luta para celulares Android da desenvolvedora Shaikonina. No game, não só Bolsonaro, mas outros 11 políticos podem “encher a boca com uma porrada“.
O desenvolvedor do jogo, Gabriel Nunes, 24 anos, morador de Santos, não contava com o “marketing” inesperado da fala do presidente. Embora seja um desenvolvedor independente e tenha feito todo o trabalho sozinho, o game criado por ele é um dos mais comentados em grupos de programadores e designers de jogos digitais.
O estudante Gabriel conta que teve a ideia ao assistir vídeos do humorista Tom Cavalcante imitando Michel Temer. “Foi aí que percebi que o brasileiro preza muito o lado cômico das coisas, nós amamos memes. Desde então pensei em uma forma de transformar isso em jogo, juntar o cômico, memes e políticos tudo num só produto. Foi aí que surgiu a ideia de criar um jogo de luta”, contou ao Metrópoles.
Todo o trabalho de criação de cenário, desenvolvimento e design de personagens, programação e animação foram feitos pelo estudante. A maior dificuldade, lembra, foi programar. “Não é o meu forte”.
Para definir os 12 personagens, que vão de Bolsonaro a Lula, Gabriel analisou quantidade de buscas pelos nomes no Google, para saber quais eram os mais populares. Assim, incluiu Dilma Roussef, Marina Silva, João Doria, Michel Temer, Hamilton Mourão, Ciro Gomes e outros.
Durante a produção, Gabriel confessa que sentiu receio por comparações entre o seu jogo e o Bolsomito 2k18, alvo de inquérito no Ministério Público do DF por mostrar o então candidato Jair Bolsonaro como personagem principal em situações nas quais aparecia espancando minorias, os inimigos do jogo.
“Fiquei até com medo de compararem o meu jogo com o deles. Na verdade, ainda tenho esse medo, meu objetivo não é trazer intolerância política ou afins, é apenas se divertir e rir”, ponderou. Tal preocupação refletiu até na hora de definir golpes e poderes dos personagens. “A proposta é fazer todos iguais, com os mesmos atributos de poderes, para os jogadores não brigarem entre vertentes partidárias, dizendo que um é melhor que o outro”.
Além da pancadaria básica dos jogos de luta, cada um dos políticos é capaz de conjurar uma bola de fogo, soltar um hadouken (bola de energia que sai das mãos, criada para o personagem Ryu nos jogos de Street Figther) e um supersoco. No caso das personagens mulheres, Dilma e Marina, o movimento é substituído por um superchute.
Ainda em atualização, apenas o jogador que escolhe ou joga contra Bolsonaro ouve os bordões ao fazer os golpes. Quando os comandos para a bola de fogo são acionados, o personagem solta um “Covardes!”. Na combinação de movimentos do hadouken, o ex-capitão grita “Canalhas”. No caso do supersoco, o avatar de Bolsonaro diz: “Vai queimar tua rosca onde tu bem entender”. Todos os áudios da dublagem do jogo foram retirados de declarações públicas do próprio presidente.
No próximo update do game, Gabriel espera inserir os bordões dos outros jogadores no momento dos golpes. Esta etapa ainda está na fase de seleção das frases.
Por enquanto, o game só está disponível para Android, mas será lançado na Steam – maior plataforma de hospedagem de jogos digitais – em 1º de setembro.
Bolsonaro visitou a Catedral de Brasília neste domingo (24/8) quando foi questionado por um jornalista de O Globo sobre os depósitos feitos pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
“Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá?”, respondeu o presidente, que ainda chamou o profissional de “safado”.
Após a reação de Bolsonaro, outros repórteres que estavam no local perguntaram ao chefe do Executivo federal se aquilo se tratava de uma ameaça. O presidente não respondeu aos questionamentos e deixou o local logo em seguida.