Volta do futebol pode gerar onda de contaminações
Foto: Heber Gomes/AGIF
O Campeonato Brasileiro foi iniciado no mesmo fim de semana em que o Brasil atingiu a marca de 100 mil mortos por covid-19. E suas três divisões, que tiveram jogos em todas as regiões do país, expuseram centenas de jogadores e membros de comissão técnica ao risco de contágio pelo novo coronavírus.
A demora na divulgação do resultado de testes, que são supervisionados pelo hospital Albert Einstein, fez com que atletas das Séries A, B e C interagissem com companheiros em viagens e concentrações antes de saberem que estavam contaminados. Muitos dos que testaram positivo estão sem sintomas.
Duas equipes – o Goiás e o Imperatriz – só tiveram acesso ao resultado de seus exames horas antes de entrar em campo, o que causou o adiamento de suas partidas.
E pior: aumentou o risco de contágio dentro do elenco. O time maranhense, por exemplo, enfrentou uma longa viagem (de ônibus e avião) do interior do Maranhão ao interior da Paraíba, e só descobriu que 12 de seus jogadores estavam infectados quatro horas antes da partida.
A risco semelhante foram submetidos os jogadores do Ypiranga (RS), que viajaram a Santa Catarina para enfrentar o Brusque pela Série C sem saber do resultado de seus testes. Horas antes do jogo, descobriram que cinco atletas estavam infectados. A partida aconteceu sem eles, mas com outros potencialmente contaminados.
O Goiás, depois de saber que dez de seus atletas têm covid, precisou pedir uma liminar na Justiça Desportiva para que a CBF concordasse em adiar o jogo contra o São Paulo. O time paulista chegou a ir ao gramado do estádio da Serrinha.
A confusão foi alvo de críticas públicas de alguns jogadores, os mais expostos à contaminação. A mais contundente partiu do zagueiro Breno Calixto, do Treze (PB), que enfrentaria o Imperatriz, pela Série C.
“Teve a semana inteira pra fazer os testes e no mínimo chegar os resultados na quarta ou quinta”, escreveu ele no Twitter. “Você faz todo o protocolo, se tranca num hotel perde o Dia dos Pais e no final não tem jogo. E o pior, já pensou se nós jogamos contra os caras com 12 positivos? A merda que ia ser? Todo mundo infectado, e nossas famílias depois? Tnc [tomar no c*] Que desorganização no nosso país, é na política, é no futebol, é em todo lugar mesmo.”
Redação com Uol