Witzel diz que incomodou Bolsonaro ao prender milicianos
Foto: CARLOS MAGNO/GOV RJ
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), se referiu à operação da Polícia Federal que resultou em seu afastamento do cargo como um “circo” e uma “decepção”. O Superior Tribunal de Justiça determinou, nesta sexta-feira (28/8), o seu afastamento da função.
Ele ainda acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seu antigo aliado e agora arqui-inimigo, de ter motivado politicamente a ação.
“Estou incomodando prendendo miliciano?”, questionou Witzel, durante anúncio à imprensa, nesta manhã. “Isso é um ultraje à democracia”, prosseguiu o governador fluminense. “Estou realmente preocupado com o caminho que o Brasil está tomando. Eu já falei como as democracias morrem, é aniquilando adversários.”
Witzel ainda questionou as supostas provas levantadas contra ele. “Uma busca e apreensão que não encontrou um real, uma joia. Simplesmente, mais um circo sendo realizado”, afirmou o governador.
Ele alegou também que a Procuradoria-Geral da República (PGR) está se especializando em perseguir governadores, com investigações rasas, além de realizar buscas e apreensões preocupantes.
“[Somos] vítimas do uso político e possível da instituição. Bolsonaro já declarou que quer o Rio de Janeiro, já me acusou de perseguir a família dele. Me preocupo muito com essa questão política que hoje estamos vivenciando”, disse.
Citação a Lula
O governador Wilson Witzel citou, ainda, o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário declarado desde que ingressou na vida pública, para citar uma suposta interferência da Justiça na política.
“Eu não sou a favor de Lula, nem contra Lula, mas o STF está chegando à conclusão de que o ex-ministro Sergio Moro foi parcial e, com essa decisão, o ministro Fachin foi muito claro: evitou-se que o ex-presidente Lula disputasse a presidência da República”, disse.
“Estou extremamente preocupado com os caminhos pelos quais o nosso país está seguindo. A democracia morre assim, aniquilando os adversários com o uso da máquina pública e cooptando as instituições.”