Agrediu avó de criança estuprada em nome de Damares
Foto: Getty Images
Um homem que agrediu a avó da menina capixaba grávida após estupro, em agosto, para demover a família da ideia de abortar usou o nome da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, na abordagem e se encontrou com a comitiva médica que tentava evitar o procedimento. Ele também expôs informações sigilosas sobre o caso.
Pedro Teodoro, fundador do Projeto Família Cristã na cidade de São Mateus (ES) e hoje candidato a vereador pelo PSL, abordou a família da vítima no dia 15 de agosto sob o pretexto de oferecer uma oração. Estava acompanhado de Ronaldo José de Souza, ex-coordenador diocesano da Renovação Carismática Católica, e sua mulher, Cristina.
O objetivo era pressionar a avó, representante legal da menina, a desautorizar o aborto, previsto no Código Penal quando a gravidez resulta de estupro ou impõe risco de vida para a mãe, como era o caso. Tanto a avó quanto a criança haviam manifestado desejo de interromper a gravidez. Ao resistir às investidas do grupo, a avó passou a ser agredida verbalmente e passou mal.
Testemunhas relatam que, na véspera do ataque, Pedro Teodoro manteve encontro com a comitiva de médicas identificadas como sendo do Hospital São Francisco de Assis (HSFA) de Jacareí (SP), em uma conhecida padaria de São Mateus.
Conforme a Folha revelou, a comitiva foi apresentada pela representante do MMFDH, Alinne Duarte de Andrade Santana, como de conhecimento da ministra, em reunião na sede da prefeitura, em 13 de agosto. A equipe expôs plano pelo qual a menina ficaria em um abrigo para gestantes, acompanhada por um familiar, e teria acompanhamento do HSFA até o parto.
A comitiva era composta por Mariângela Consoli de Oliveira, assistente social, presidente da Associação Guadalupe e ligado ao movimento Brasil Sem Aborto; Janaína Aparecida Schineider Cassoti, infectologista com passagens pelo Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), de Vitória; Renata Gusson Martins, farmacêutica e bioquímica ligada ao Movimento Mulheres pela Vida; e Rafaela Lima Santos, residente de urologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Em áudios obtidos pela Folha, Pedro pressiona a avó a vetar o o aborto, dizendo que, como familiar da criança, ela é a única que tem esse poder de decisão. Para isso, argumenta que o procedimento de aborto é similar a um parto normal sem anestesia.
Redação com Folha