Alcolumbre conta com MDB para se reeleger

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), acertou o apoio de um importante aliado na corrida pela reeleição. Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) chancele sua postulação ao cargo, o MDB deve abrir mão oficialmente da disputa para dar suporte à candidatura do senador do Amapá. A aliança é o primeiro passo de Alcolumbre na busca de 60 votos, meta estipulada por auxiliares para a garantia de mais um mandato.

O cálculo leva em conta o apoio de nove partidos considerados mais próximos, além de senadores “independentes”. O apoio do MDB é fundamental na estratégia porque se trata da maior bancada da Casa, com 13 senadores. O Valor apurou que a sigla aguarda apenas o posicionamento do Supremo para declarar apoio oficial ao atual presidente.

“Esperamos que o Supremo, no decorrer do mês de setembro, se defina sobre a possibilidade de reeleição. Acho que a reeleição do Davi está consolidada. Ele está praticamente eleito. Se houver reeleição, o Davi tem o nosso apoio”, disse um dirigente da sigla, em caráter reservado. A exceção seria apenas no caso de um posicionamento contrário à reeleição por parte do STF. “Agora, se não puder haver reeleição [dentro da legislatura], o MDB se coloca como postulante no Senado”, complementou.

Além do MDB, Alcolumbre tem dois importantes nomes do Centrão trabalhando a seu favor: o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que se tornou homem próximo do presidente Jair Bolsonaro, e o ex-deputado Benito Gama (PTB-BA), que é assessor especial da presidência do Senado desde março. Gama é vice-presidente do PTB, legenda controlada pelo ex-deputado Roberto Jefferson (RJ). Foi a sigla trabalhista quem provocou o STF a se posicionar sobre o tema. Para a oposição de Alcolumbre, a iniciativa foi, inclusive, um “blefe”. Ela serviu justamente para auxiliar o presidente do Senado no caminho para permanecer no cargo.

Interlocutores de Alcolumbre dizem que ele já tem apoio expressivo nas seguintes legendas do Senado: MDB (13 senadores), PSD (12), DEM (6), PT (6), Republicanos (2), PDT (3), Pros (3), PP (6) e PSC (1). Juntas, as novas agremiações possuem 52 parlamentares na Casa. Além disso, o presidente do Senado contaria com dissidentes de outras bancadas, como Rede Sustentabilidade, PSDB e PL.

O principal obstáculo de Alcolumbre, entretanto, é um grupo de ex-aliados que tenta recuperar terreno político para fazer frente à sua postulação. A articulação contrária é puxada pelo grupo “Muda Senado”, que tem aproximadamente 20 senadores fixos – grande parte deles do Podemos.

Integrantes dessa ala acreditam que o presidente do Senado não tem tanto apoio quanto diz. Ele estaria repetindo, na verdade, uma tática de um antigo adversário, o ex-senador Renan Calheiros (MDB-AL), que contava votos publicamente como forma de pressão. Além disso, eles minimizam quaisquer chances de Alcolumbre aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que permita sua reeleição como presidente do Senado dentro de um mesmo mandato.

O grupo acredita que a atividade legislativa virtual acabou atrapalhando a formação de uma chapa de oposição que pudesse fazer frente à candidatura do senador do Amapá. Para tentar reverter o cenário adverso, o Muda Senado cogita até mesmo acenar uma bandeira branca ao STF. Isso porque, desde o início da legislatura, seus integrantes insistem na criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o “ativismo” do Judiciário na cortes superiores.

Na avaliação de alguns líderes do Muda Senado, a bandeira pela CPI acabou empurrando o STF nos braços do Alcolumbre. Por conta disso, parte dos senadores queria fazer chegar ao Supremo a mensagem de não haverá mais não hostilidade à Corte. A articulação acabou não prosperando por enquanto, mas ainda pode ser retomada nos próximos dias.

Valor Econômico