Auxílio emergencial e agronegócio impediram queda maior do PIB
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Economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale avaliou, em entrevista à CNN, nesta terça-feira (1°), os resultados do Produto Interno Bruto (PIB), que retraiu 9,7% no segundo trimestre de 2020 em relação ao trimestre anterior. Em relação ao mesmo período de 2019, o tombo foi de 11,4%.
O número foi divulgado nesta terça-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o país entra oficialmente em “recessão técnica”, que acontece após recuo da atividade econômica por dois trimestres consecutivos.
De acordo com o economista, dois pontos foram essenciais para segurar o tombo do PIB: o auxílio emergencial e o bom desempenho do agronegócio brasileiro, com as commodities.
“O auxílio emergencial foi extremamente importante. Ao longo do segundo trimestre, se a gente não tivesse o auxílio teríamos um impacto muito pior em consumo”, disse ele. “Ele foi responsável por um resultado bem mais favorável no comércio e no consumo no final. Teve um papel importante no segundo tri e vai ter ainda, já que vai permanecer praticamente nesse valor”, acrescentou.
Na manhã desta terça-feira, o governo também anunciou a manutenção do benefício, mas com uma parcela inferior aos R$ 600 atuais. Agora, o valor pago será de R$ 300, em quatro parcelas. A redução no valor do auxílio, porém, fez com que o economista demonstrasse preocupação com o impacto disso na atividade econômica.
“Há uma preocupação com tudo o que aconteceu no segundo tri, de aumento de consumo e as pessoas até poderem se endividar um pouco. Temos que ter uma preocupação no quarto trimestre, com essa perda de renda que vai ter, que pode ter um impacto em consumo e varejo”, estimou.
Vale relembra que não era incomum ver estimativas para o segundo trimestre, com quedas de 15% a 20%, em relação ao primeiro trimestre. “Foi um segundo trimestre que assustou no início, começou a melhorar ao longo dele e terminou com resultados bem melhores do que se imaginava a princípio”, completou Vale.
“No começo do segundo trimestre, a expectativa era muito negativa. A gente não sabia como ia ser o impacto. Havia uma expectativa muito forte de uma deterioração mais intensa da economia”, relembrou.
Por fim, o economista disse que é possível projetar para o terceiro trimestre que o Brasil volte ao azul. “Muito provavelmente. No terceiro, quase com certeza vai ter um crescimento e não será pequeno”, analisou.
“A gente está estimando um pouco acima de 5% no terceiro tri contra o segundo trimestre. O quarto trimestre também deve ter crescimento na casa de 3%. Os números vão ser favoráveis no segundo semestre. O segundo trimestre foi o pior de todos, até comparado na história brasileira, porque nunca tivemos uma queda de PIB tão grande concentrada em um mês só. Daí para frente, a tendência é, de fato, melhorar”, disse.
E concluiu com boas expectativas para o fechamento da conta do Brasil em meio à pandemia. “Estamos vendo o terceiro e o quarto tri com um olhar mais positivo. Ainda é queda, em relação ao ano passado, mas na margem, que dava sinalização de recessão, poderemos dizer o país, de fato, saiu da recessão já no terceiro trimestre”, finalizou.