Bizavó de Belarus fica famosa por enfrentar ditadura

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Foto: Reprodução

Chamada de “a bisavó dos protestos”, a bielorrussa Nina Bahinskaya, de 73 anos, enfrentou as tropas aliadas ao governo do ditador Alexander Lukashenko e se tornou um símbolo das manifestações que já se estendem por mais de um mês em Belarus.

A onda de protestos toma conta do país desde que os resultados das eleições presidenciais foram divulgados em agosto. Acusado de fraude, Lukashenko foi reeleito para o sexto mandato com 80% dos votos. Desde o início, Nina é presença constante nos atos.

A idosa é ativista pela independência bielorrussa desde a década de 1980. Ex-desenhista aposentada, não deixa sua idade a impedir de marchar ao lado dos demais manifestantes e até enfrentar os policiais que reprimem os protestos.

Vídeos de Nina enfrentando as forças de choque se tornaram viral nas últimas semanas, tanto que ela se tornou um símbolo da resistência contra o autoritarismo de Lukashenko. Nas imagens, a senhora sempre aparece segurando a bandeira usada pelo país europeu entre sua independência em relação à União Soviética, em 1991, até o ano de 1995.

A bandeira também se tornou um símbolo da oposição ao atual governo nos protestos e carregar a auriflama pela rua é motivo suficiente para prisão em Belarus. Após assumir o poder, Lukashenko abandonou a imagem tradicional e instituiu um flâmula verde e vermelha – uma adaptação da bandeira usada sob domínio soviético.

Na primeira marcha que participou durante a atual onda de manifestações, Nina teve sua bandeira confiscada por um policial. Sua reação imediata foi tentar pegá-la de volta, gritando contra o oficial e dando chutes em suas pernas. A cena foi filmada por outros ativistas e viralizou nas redes sociais.

“Chutar aquele policial não foi um bom comportamento, mas foi certo do ponto de vista do comportamento humano”, justificou Nina em uma entrevista à emissora britânica BBC. “Quando somos atacados e roubados, não podemos apenas dizer obrigada”.

Depois desse episódio, a ativista teve diversas outras bandeiras confiscadas, foi multada e até detida. “Lukashenko não deixará o poder por vontade própria”, disse Nine à BBC. “Ele é um psicopata controlado por Moscou”.

Lembrado por seu passado soviético e sua postura relapsa em relação à pandemia de coronavírus, Lukashenko é considerado “o último ditador da Europa”. O autocrata admitiu nesta terça-feira 8 que ficou no poder além do limite, mas descartou a possibilidade de deixar o cargo devido aos protestos a favor de sua renúncia.

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