Bolsonaro encena papel de “presidente bonzinho”
Foto: Reprodução/ Uol
Os parlamentares decidiram que as igrejas estão dispensadas de quitar um dos poucos impostos que a lei lhes manda pagar, a Contribuição sobre o Lucro Líquido (CLL) -uma obrigação que, diga-se, os templos já desprezam há tempos, confiantes na promessa de anistia que agora acabou vindo. Coube ao presidente Bolsonaro decidir se sancionaria ou vetaria a decisão do Congresso.
Paulo Guedes queria que ele vetasse – isentar as igrejas e perdoar-lhes o calote já acumulado significaria um impacto de quase 1 bilhão de reais nos cofres públicos.
A bancada evangélica do Congresso queria que ele sancionasse – o argumento é de que igrejas não têm lucro (ou ao menos não deveriam ter) e tributá-las por isso, portanto, é injusto.
Diante da situação, Bolsonaro tomou uma sábia decisão: vetou o projeto, mas não vetou muito.
Para efeitos do seu público, ficou assim: o presidente entende que as cobranças do imposto e das multas aos templos são “absurdas”.
Só que, coitado, ele está de mãos amarradas.
Se concorda em deixar a cobrança para lá, os inimigos que não o deixam em paz vão se aproveitar disso para pedir o seu impeachment.
Então, muito a contragosto, ele irá vetar o projeto. Mas ninguém precisa se preocupar porque já está tudo combinado com os congressistas: ele veta, mas os deputados derrubam o seu veto. Talquei? (piscadinha para o público)
Bolsonaro está sempre ao lado do povo, e se às vezes é obrigado a contrariá-lo, é porque o “sistema” o obriga.
Redação com Uol