Facebook é acusado de cumplicidade com perfis falsos

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Foto: Loic Venance/AFP

Contas falsas no Facebook têm atrapalhado as eleições e o ambiente político em diversos lugares do mundo, incluindo o Brasil, e a empresa teria ignorado ou demorado a agir em muitos dos casos. É o que afirma um memorando produzido por uma ex-funcionária da empresa e publicado, em partes, pelo site BuzzFeedNews.

O memorando foi escrito por Sophie Zhang, então cientista de dados do Facebook, e está repleto de exemplos de chefes de governo e partidos políticos, como no Azerbaijão e em Honduras, usando contas falsas ou se apresentando de maneira incorreta para influenciar a opinião pública. Além do Brasil, em países como Índia, Ucrânia, Espanha, Bolívia e Equador, Sophie encontrou evidências de campanhas coordenadas de vários tamanhos para impulsionar ou atrapalhar candidatos.

“Nos três anos que passei no Facebook, descobri várias tentativas flagrantes de governos estrangeiros de abusar de nossa plataforma em grande escala para enganar seus próprios cidadãos e causar notícias internacionais em várias ocasiões”, escreveu a ex-funcionária, em trecho do memorando publicado pelo site. Ela não concedeu entrevista ao BuzzFeedNews.

O relato de Sophie detalha como a empresa reage a esse tipo de atividade fora dos Estados Unidos e da Europa Ocidental. Ela e seus colegas removeram, segundo o documento, “10,5 milhões de reações e perfis de fãs falsos de políticos no Brasil e nos Estados Unidos nas eleições de 2018”.

Na América Central, o caso de Honduras tem destaque. De acordo com o memorando, os líderes do Facebook levaram nove meses para agir em campanha coordenada “que usou milhares de recursos inautênticos para impulsionar Juan Orlando Hernández em grande escala para enganar o povo hondurenho”. Hernández é o atual presidente de Honduras, reeleito em 2018.

Já no Azerbaijão, ela descobriu que o partido político governante “utilizou milhares de ativos inautênticos para perseguir a oposição em massa”. De acordo com o site, o Facebook começou a investigar o problema um ano depois de Sophie relatá-lo. A investigação está em andamento.

A porta-voz do Facebook Liz Bourgeois disse, em comunicado ao BuzzFeedNews, que a empresa constrói “equipes especializadas, trabalhando com os principais especialistas, para impedir que atores mal-intencionados abusem de nossos sistemas, resultando na remoção de mais de 100 redes por comportamento inautêntico coordenado”. Segundo a porta-voz, trabalhar contra o comportamento não autêntico e coordenado é “prioridade”, mas a empresa também está “tratando dos problemas de spam e engajamento falso”.

“Investigamos cada questão cuidadosamente, incluindo aquelas levantadas pela Sra. Zhang, antes de agirmos ou sairmos e fazer reivindicações publicamente como uma empresa”, disse no comunicado.

O Globo