Golpistas lucram com arrecadações para “ajudar Pantanal”

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Foto: Reprodução

Perfis falsos nas redes sociais têm usado o nome ou imagens da ONG Ampara Animal para conseguir doações, mesmo sem estarem atuando ou ajudando a causa. A entidade ganhou visibilidade desde que começou a auxiliar no combate aos incêndios no Pantanal, há cerca de 1 mês. Mas a atenção não foi apenas positiva.

“É muito triste saber que alguém está tirando vantagem dessa situação”, diz Marcele Becker, fundadora e vice-presidente da organização.

A entidade soube dos casos por seguidores e amigos. Ao procurar pelo perfil da Ampara nas redes, eles encontravam outras contas, que não eram da ONG. “Fotos da nossa equipe eram usadas nessa página e eles pediam dinheiro também. Nós percebemos que era para o mal“, afirma Becker.

A entidade tentou avisar os seus seguidores sobre 1 desses perfis – o @amparapantanal. Mas segundo a fundadora da Ampara, lidar com essas situações na internet é algo muito delicado.

“Para você ter noção, nós estamos pedindo há 3 semanas para o Instagram bloquear essa página“, disse.

A conta falsa tornou o perfil fechado e bloqueou todos os integrantes da ONG.

“Além das páginas fakes, a gente percebe muitas pessoas usando indevidamente as imagens dos resgates da ampara pedindo dinheiro também. Mas nossa vaquinha (para ajudar no combate aos incêndios) já foi encerada. Não estamos mais pedindo dinheiro para a ação. Não são pessoas que estão atuando“, disse Marcele Becker.

A fundadora acredita que a Ampara não deve ser a única a passar por essa situação. Por isso, aconselha àqueles que se interessem em fazer doações pesquisar as entidades antes de efetuar pagamentos. Outra coisa importante, segundo ela, é não se basear apenas nas redes sociais. Procurar notícias e sites sobre as ONGs.

Para as entidades, Becker afirma ser importante fazer relatórios de transparência para mostrar de que forma os recursos recebidos estão sendo investidos. “A gente está com nosso financeiro contando cada centavo gasto”, afirma.

A Ampara também divulga boletins diários nas redes sociais com as ações que estão realizando. “A gente divulga absolutamente tudo que nós fazemos“, diz a representante da ONG.

Faltando 3 meses para o fim de 2020, o número incêndios florestais no Pantanal em 2020 já é quase o triplo do que em todo o ano passado, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em 2019 foram 5.690 focos de incêndio. Neste ano, 16.119 focos foram registrados até a 4ª feira (22.set.2020). É o maior número registrado pelo Inpe, que monitora as queimadas no país desde 1998.

A Ampara Animal, que é voltada ao auxílio de animais, enviou alguns veterinários e voluntários ao bioma em agosto. “Nós focamos no resgate de animais, procuramos ajudar o máximo possível“, afirma Becker. O grupo distribui comida e água perto das florestas queimadas para que os animais tenham comida, já que a mata foi destruída. Também resgatam e tratam os animais machucados. Cuidam até que eles possam voltar à natureza ou os encaminham para santuários de animais.

“Os incêndios, a parte dos fogos intensa, já foi reduzida, mas a gente não consegue adentrar a mata para ver quanto animais estão machucados. Não chove e se chover vai acabar contaminando o rio, com a matéria dos incêndios no solo. Continua bastante difícil“, explica a fundadora da ONG.

O presidente Jair Bolsonaro culpou, no discurso que realizou na 3ª feira (22.set.2020), indígenas e caboclos pelos incêndios nas florestas brasileiros. “Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas“, declara.

Becker diz que nunca viu algum indígena ateando fogo nas florestas nos mais de 10 anos de funcionamento da Ampara Animal.

Para Becker, esse ano “o estrago já foi feito“. “O que a gente pode fazer é se preparar para que isso não aconteça nos outros anos“, diz. “O que eu vi é que os pantaneiros, todos os que eu conheci eles estão extremamente mobilizando“. Afirma que eles têm grande preocupação em cuidar da mata nativa.

A fundadora da Ampara Animal afirma ser necessário a criação de leis mais severas e “uma preocupação maior do poder público inteiro“. “Era algo que precisava ser previsto. E quando foi previsto, não teve a resposta“, diz sobre as ações do governo de combate às queimadas. Segundo ela, no entanto, este é 1 problema sistêmico.

“Nós temos um sistema todo errado. Todo mundo deveria se mobilizar mais. Dentro da nossa casa todo mundo pode fazer um pouquinho também“, declara. Cita como exemplo a redução do consumo de carne. “A gente sabe que o agronegócio é extremamente poluente“. Um relatório da ONU de 2019 mostrou que reduzir o consumo de carne é uma das formas de combater o aquecimento global.

Poder360