Lava Jato de SP tem demissão coletiva

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Foto: Antonio Augusto/Secom/PGR

Sete procuradores que atuam no braço paulista da força-tarefa apresentaram, ontem, um pedido de desligamento coletivo ao procurador-geral da República, Augusto Aras. A saída do grupo aconteceu um dia depois do anúncio da saída de Deltan Dallagnol da coordenação da operação em Curitiba.
O motivo do desligamento, no documento remetido à Procuradoria-Geral da República (pgr), são “incompatibilidades insolúveis com a atuação da procuradora natural dos feitos da referida força-tarefa, dra. Viviane de Oliveira Martinzes”. A subprocuradora foi enviada pelo procurador-geral, Augusto Aras, para assumir a coordenação das atividades do grupo em São Paulo. Os sete procuradores anunciaram que ficam somente até o final deste mês.

Saíram da operação os procuradores Guilherme Rocha Göpfert (a partir de 08/09/2020), Thiago Lacerda Nobre (a partir de 08/09/2020), Paloma Alves Ramos (a partir de 11/09/2020), Janice Agostinho Barreto Ascari (a partir de 30/09/2020), Marília Soares Ferreira Iftim (a partir de 30/09/2020), Paulo Sérgio Ferreira Filho (a partir de 30/09/2020) e Yuri Corrêa da Luz (a partir de 30/09/2020).

Mas as baixas não devem parar por aí. Sobretudo em Curitiba, a avaliação entre os procuradores é de que o desgaste é muito elevado e que Dallagnol era quem tinha maior influência e apoio para ir contra interferências da PGR e pressões do setor político. Alguns avaliam pedir transferência para outras áreas do Ministério Público Federal (MPF) exatamente por terem dúvidas se o novo coordenador da operação, Alessandro Fernandes Oliveira, será um anteparo como era o ex-coordenador –– sobretudo pela personalidade discreta e pouco midiática. Outro fator levantado para a sequência de baixas é o tempo de atuação, que já chega a seis anos e muito desgaste.

 

O que também gera controvérsias na força-tarefa é a possibilidade de se reduzir o número de procuradores, que, atualmente, são 14. Essa decisão poderia gerar lentidão nas investigações e provocar redução, também, no quadro de 30 servidores do setor técnico, que atuam prestando apoio diário aos integrantes da operação. Aras, que jamais negou sua antipatia pela operação, tem até o próximo dia 10 para decidir se prorroga as atividades da Lava-Jato em Curitiba por mais um ano e se realiza alterações nas equipes. A decisão também deve ser avaliada pelo Conselho Superior do MPF, que convocaria uma reunião extraordinária para tratar do caso. O próximo encontro previsto ocorre em outubro, mas parte dos conselheiros pretende solicitar que o debate seja antecipado.

O ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, não acredita que a Lava-Jato esteja sob ameaça, e destaca que algumas mudanças podem trazer bons resultados para o grupo e para as demais forças-tarefas da PGR. Ele acredita que os trabalhos que estavam sendo conduzidos por Dallagnol devem continuar. E lembrou que são 20 equipes especiais ao todo, que cuidam de diversos temas.

Correio Braziliense