Novo chefe da Lava Jato insinua que não busca holofotes
Foto: Reprodução/ Assofepar
O novo coordenador da Lava-Jato em Curitiba, Alessandro José Fernandes de Oliveira, defendeu em entrevista à GloboNews na noite desta terça-feira a continuidade nos trabalhos da força-tarefa, e sinalizou a permanência da equipe atual. Oliveira, que substituirá o coordenador da operação no Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, Deltan Dallagnol, reconheceu ter perfil mais discreto do que o atual titular, mas disse ser importante o “apoio popular” à operação.
O novo coordenador também declarou que vai trabalhar para “aparar arestas” e evitou comentários sobre posições do procurador-geral da República, Augusto Aras, que teceu críticas recentemente à Lava-Jato. Segundo Oliveira, embora não seja possível afirmar os rumos que serão tomados pela operação, “o importante é que tenha continuidade no trabalho”.
– A grande vantagem é que há um aceno para que haja a permanência desta equipe, o que significa certa estabilização de um ritmo e da dinamicidade que hoje existe na operação Lava-Jato. Isso irá facilitar sobremaneira minha adaptação a esse modelo – afirmou Oliveira.
O procurador afirmou, na entrevista à GloboNews, nutrir admiração “quase que extrema” à Lava-Jato, mas ressaltou também que “nenhuma instituição ou pessoa é perfeita”. De acordo com Oliveira, não é possível determinar ainda se a operação seguirá um formato de força-tarefa ou se tomará a forma de um órgão colegiado, possibilidade avaliada por procuradores em meio aos conflitos internos com Aras. Nesta terça, a subprocuradora-geral da República Maria Caetana Cintra Santos proferiu liminar prorrogando por mais um ano a força-tarefa de Curitiba. A decisão, no entanto, ainda deve ser avaliada pelo Conselho Superior do MPF, que poderá modificá-la.
— Minha visão sobre a Lava-Jato é de admiração quase que extrema. Obviamente devem ocorrer aguns ajustes de rumos, nenhuma instituição ou pesosoa é perfeita, mas o importante é que esse aparar de arestas seja feito através de discussões colegiadas internas – declarou Oliveira.
O novo coordenador criticou ainda o que chamou de “questões um tanto quanto maniqueístas” que envolvem a repercussão da Lava-Jato entre críticos e defensores da operação. Para ele, que citou o apoio popular como “sempre fundamental”, não há “conspiração nem contra, nem a favor” da operação.
Oliveira também afirmou que divergências dentro do Ministério Público, ou entre MP e Judiciário, são “naturais” por conta da independência funcional de seus membros, “que é uma via de mão dupla”.
— Prometo tentar isolar-me dessas questões um tanto quanto maniqueístas, como se a Lava Jato fosse sempre tendenciosa ou sempre uma instituição salvadora, imune a qualquer tipo de equívoco ou situação embaraçosa. O rumo que queremos dar às investigações é algo absolutamente imprevisível. O que pretebndemos, já que sou um dos grandes admiradores do advento da Lava-Jato no Direito brasileiro, é tentar ampliar cada vez mais o seu alcante – afirmou.