ONGs pressionam candidatos por agenda ambiental
Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Entidades ligadas à causa ambiental organizaram manifestos púbicos para estimular candidatos às prefeituras e câmaras municipais a se engajarem em ações que visam a preservação ambiental e a promoção da qualidade de vida. A ideia é fazer com que os próximos prefeitos e vereadores, independente da tendência ideológica, tomem posse no ano que vem comprometidos com diretrizes ligadas à pauta verde.
A Fundação SOS Mata Atlântica lançou, na semana passada, um manifesto destacando um conjunto de ações a serem assumidas por prefeitos e vereadores a partir do ano que vem, visando a restauração da floresta, a valorização dos parques e reservas e a garantia de água limpa. Sua implementação seria, segundo a fundação, via implementação do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA) – instrumento que pode ser elaborado pelas prefeituras e aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente.
O diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, disse que ideia é estimular candidatos a firmar compromissos ambientais. “Diferente de Brasília, a eleição municipal permite você estar acompanhando porque as pessoas convivem mais de perto com quem foi eleito. Então essa fiscalização é muito mais palpável”, disse. “O tema ambiental não é mais papo de ambientalista. Hoje, sustentabilidade é uma demanda social e de mercado. Quando o cara entender que esgoto vai fazer que tenha 70% das pessoas doentes no hospital, vai compreender que é mais barato tratar o esgoto do que construir posto de saúde.”
O Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais (Pólis) lançou uma carta-compromisso – com outras 43 instituições signatárias – a ser assinada por candidatos que disputarão as eleições municipais, visando a reciclagem de resíduos orgânicos na cidade de São Paulo. Elisabeth Grimberg, coordenadora de resíduos sólidos do instituto, afirma, que ao menos uma candidata à Prefeitura está interessada em assumir os compromissos.
“Nós vamos tentar a aproximação com os coordenadores de programa de governo e comitês de campanha. Não interessa se é de direita, centro, esquerda. Agora é a oportunidade de qualificar o debate e as plataformas de governo”, disse.
Elisabeth afirma que o trabalho desempenhado pela parte da sociedade civil na qual o instituto está inserido não é lobby, mas sim “advocacy”, uma vez que as organizações visam o interesse público, e não o lucro.
A ação, capitaneada pela Pólis por meio da Campanha São Paulo Composta, Cultiva, tem como objetivo a criação de um projeto de lei para tornar obrigatória a reciclagem de orgânicos, além da implementação de programas de compostagem e biodigestão. Segundo o instituto, as medidas poderiam fomentar uma economia de mais de U$560 milhões.
O Movimento Urbano de Agroecologia de São Paulo (MUDA SP) firmou carta-compromisso que será encaminhado aos candidatos como foco o acesso a alimentos de qualidade, saudáveis e seguros para todos os cidadãos, que será endereçada aos partidos. Ao fim da eleição, começamos o trabalho com os candidatos eleitos, fazendo reuniões e atuando nas frentes de agricultura urbana, segurança alimentar e apoio a agroecologia, disse Susana Prizendt, integrante da fundação.