Pandemia derruba processos de adoção no país
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Quando o pedagogo Erasmo Coelho, 37, conheceu pessoalmente o filho Gustavo, 11, em maio, eles já estavam em contato havia mais de um mês por videochamadas. As ligações —diárias, no caso deles— foram a forma encontrada pelas varas da infância pelo país de tentar de minimizar os efeitos da pandemia nos processos de adoção.
Ainda assim, o impacto tem sido sentido: de janeiro a agosto, houve 42,7% menos sentenças de adoção que no mesmo período do ano passado, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça. Com isso, 2020 deve fechar com a maior queda na efetivação de adoções desde 2011.
Segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, há 31.152 brasileiros com idade entre zero e 18 anos acolhidos no país. Estão disponíveis para adoção 5.205 crianças, e outras 3.629 estão em processo de adoção.
A família de Erasmo e Gustavo representa uma série de improbabilidades: um homem solteiro recebendo uma criança com mais de 10 anos num processo interestadual (o pai em Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro, e o filho em Embu das Artes) no meio da quarentena.
No modelo usual, a formação do vínculo entre os adotantes e adotandos é feita inicialmente por visitas aos abrigos ou casas onde as crianças estão acolhidas. Neste ano, para evitar o risco de contágio, os encontros tiveram que ser por telefone ou videoconferência. “Eu nunca imaginei que ia conhecer o meu filho virtualmente”, afirma o pedagogo, que deu entrada na habilitação para adotar em maio de 2019.
Redação com Folha