PT e PSDB não acham vice em SP
Foto: Bruno Escolástico / Agência O Globo
Partidos que dominaram a cena política nas últimas décadas em São Paulo, PSDB e PT entram na reta final da articulação de suas candidaturas a prefeito da capital em situações opostas. Embora ambos estejam à procura de um vice a menos de uma semana das convenções partidárias, sobram opções para o prefeito Bruno Covas, enquanto para o adversário petista, Jilmar Tatto, faltam interessados na vaga.
Depois de um namoro sem casamento com o apresentador José Luiz Datena (MDB), o prefeito Bruno Covas busca para vice um perfil oposto ao do comunicador popular e polêmico. Discrição e sem radicalismos resumem o que Covas procura para seu companheiro de chapa. O prefeito tem sinalizado que a escolha sairá ainda nesta semana, antes, portanto da convenção tucana, no sábado.
Na última vez em que foi perguntado sobre o vice, Covas disse que só comentaria após a convenção:
— Não é o momento para falar disso. Só falarei sobre eleição após a oficialização da minha candidatura — disse Covas.
Desde a semana passada um nome do MDB está sendo submetido à avaliação de partidos que compõem a aliança de Covas. Vereador de segundo mandato, empresário e presidente municipal do MDB em São Paulo, Ricardo Nunes passou a ser cotado para a vaga.
A ex-ministra Marta Suplicy (SD) foi cogitada, mas o histórico petista faz dela hoje carta fora do baralho. Mesmo sem a vice, ela pretende anunciar até o fim da semana o apoio a Covas.
A senadora Mara Gabrili (PSDB) tem tido o nome colocado desde o início das discussões sobre o tema como uma opção de chapa pura sangue, mas aliados do prefeito dizem que ela não mostrou interesse. Até a deputada federal Tabata Amaral (PDT) apareceu nos planos de Covas, com quem conversou. Desde que votou a favor da reforma da Previdência em 2019, Tabata tem mau relacionamento com o PDT, que apoiará o candidato do PSB, Márcio França.
Se na candidatura do prefeito sobram opções, no PT, a escolha do vice virou um drama. Com a candidatura de Tatto sendo tratada com desconfiança dentro do próprio partido, há dificuldade para encontrar um nome que aceite o posto. Ana Estela Haddad, mulher do ex-prefeito Fernando Haddad, era a preferida, mas descartou. Houve conversas também com o vereador Eduardo Suplicy.
Laércio Ribeiro, coordenador da campanha de Tatto, afirma que a demora para escolha do vice se deve ao fato de o PT não ter, pela primeira vez desde 1985, um partido aliado na disputa em São Paulo.
— Sempre tivemos coligação e essa escolha coube ao aliado. Como não temos agora, é preciso buscar uma solução interna com a preocupação não criar nenhum tipo de melindre — disse Ribeiro.
Lideranças da legenda chegaram a falar na filósofa Djamila Ribeiro, militante dos movimentos negro e feminista, mas ela nem é filiada à sigla. O prazo para ingresso em partidos para disputar a eleição deste ano já se encerrou.
Os petistas correm agora para tentar encontrar um vice até a convenção, marcada para sábado. Os aliados de Tatto se dividem em dois grupos: um defende a escolha de uma mulher negra da periferia e outra acha que o mais adequado encontrar um profissional liberal com entrada na classe média.
O maior temor do PT na eleição de São Paulo é que Tatto fique atrás de Guilherme Boulos (PSOL). O candidato do PSOL tem atraído o apoio de artistas e acadêmicos ligados ao PT, como Chico Buarque e o cientista político André Singer, porta-voz da Presidência da República no governo Lula.