Segundo na PGR quer volta da Lava Jato paulista
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O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, cobrou ontem providências para garantir a continuidade das investigações da Lava-Jato em São Paulo, após todos os oito integrantes da força-tarefa pedirem demissão.
O ofício foi encaminhado à procuradora natural dos casos da Lava-Jato, Viviane de Oliveira Martinez. Ao anunciarem a renúncia coletiva, os membros do grupo afirmam ter “incompatibilidades insolúveis” com Viviane, que era a chefe dos demais procuradores, mas não atuava diretamente nos processos da força-tarefa.
Além dela, também deverão se pronunciar a chefia da Procuradoria da República no Estado, a Câmara de Combate à Corrupção (5CCR) e a Corregedoria do Ministério Público Federal (MPF)
Segundo Humberto Jacques, é preciso tomar providências para equacionar o acervo e evitar prescrições, risco “permanente em matéria penal”.
Para o vice-procurador-geral, embora “se trate de um revés, não há possibilidade de não acolhida dos pleitos” dos procuradores que pediram para sair. “Trata-se de direito potestativo dos solicitantes, que colaboravam voluntariamente com esse esforço do Ministério Público Federal em São Paulo”, escreveu.
O grupo anunciou a saída anteontem. A carta de renúncia foi assinada pela coordenadora da equipe, Janice Ascari.
Os procuradores não saírão todos de uma vez, eles fizeram uma escala com datas para se desligarem e, então, retornarem aos locais onde eram titulares.
Em ofício enviado ao Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), os procuradores apontam como um dos motivos de tensão o fato de Viviane ter pedido para adiar uma operação contra o senador José Serra (PSDB-SP), porque havia a possibilidade de o caso ser retirado de sua responsabilidade.
Na Lava-Jato de São Paulo, correm investigações sobre de grandes obras, como Rodoanel e metrô, durante gestões tucanas. Além dos governos de Serra, o Ministério Público também mira nas gestões de Geraldo Alckmin, e sobre familiares dos ex-presidentes Lula (PT) e Michel Temer (MDB). Também são investigados os casos envolvendo o ex-diretor da estatal Dersa, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.
A renúncia coletiva do grupo aconteceu um dia depois de o procurador Deltan Dallagnol, um dos símbolos da Lava-Jato, deixar o comando da força-tarefa da operação em Curitiba. Sob pressão e alvo de questionamentos internos no Conselho Superior do Ministério Público (CNMP), ele pediu para sair da coordenação do grupo alegando questões familiares.