Sob revés eleitoral, Trump tenta “explicar” negacionismo

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Foto: Doug Mills / POOL/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu em duas entrevistas, uma em fevereiro e outra em março, ao jornalista Bob Woodward que a Covid-19 representava um perigo maior que a gripe, porém que sua intenção era de minimizar a situação para evitar pânico na sociedade. Os áudios da conversa telefônica foram divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo jornal americano The Washington Post.

“Eu sempre quis minimizá-la. Eu não quero criar pânico”, disse Trump a Woodward em 19 de março. “E ainda quero continuar minimizando”, afirmou o presidente nos áudios.

“Isso é uma coisa mortal”, o presidente disse ainda em fevereiro quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda nem tinha declarado a emergência sanitária como uma pandemia. “Você respira o ar e é assim que ela é passada (adiante). E isso é muito complicado. Ela (Covid-19) é muito mais letal que a gripe mais forte”, afirmou Trump ao jornalista, reconhecendo a gravidade da doença.

Em público, a postura de Trump quanto ao novo coronavírus foi diferente. Nas primeiras semanas, minimizou a doença chamando-a de uma simples gripe. Semanas após a primeira conversa com o jornalista, em 9 de março, Trump tuitou: “No último ano 37.000 americanos morreram de gripe comum. Isso varia de 27.000 e 70.000 todo ano. Nada será fechado, a vida e a economia continuarão a seguir em frente”.

Nesta quarta-feira, a Casa Branca negou que Trump tenha enganado intencionalmente a população sobre a gravidade do vírus, que já matou mais de 190.000 pessoas nos EUA. O país soma mais de 6,3 milhões de casos.

“Absolutamente não”, disse Kayleigh McEnany, secretária de imprensa da Casa Branca, a repórteres pouco após relatos sobre o livro surgirem. “O presidente nunca minimizou o vírus”.

Na conversa, segundo os áudios divulgados nesta quarta, Trump também disse a Woodward que alguns “fatos surpreendentes” haviam sido descobertos sobre os alvos do vírus: “Não são só idosos, os mais velhos. Pessoas jovens também, muitas pessoas jovens”.

 

As declarações de Trump estarão no próximo livro de Woodward, Rage (Fúria, em português), que irá explorar os dois últimos anos do governo do republicano na Casa Branca. No primeiro livro, o presidente, apesar de negar a dar entrevista, disse que o jornalista sempre foi justo.

Bob Woodward é conhecido principalmente por ter sido o coautor das reportagens do Washington Post sobre o Escândalo de Watergate, que levaram à renúncia do então presidente Richard Nixon, em 1974.

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