Tomate, arroz e leite fomentam inflação
Foto: Ivan Sampaio/Futura Press
O preço dos alimentos continua a pesar e pressionar o orçamento do consumidor. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 23, a prévia da inflação medida pelo IPCA-15 ficou em 0,45% em setembro, maior para o mês desde 2012. O resultado veio ligeiramente acima da mediana dos economistas, de 0,39%, e acima da prévia da inflação de agosto, de 0,23%. O preço do arroz, que foi alvo da reclamação do presidente Jair Bolsonaro no início do mês, subiu 9,96% no período, bem como de outros alimentos, pressionando o valor da cesta básica.
Segundo o IBGE, entre os alimentos que mais subiram no mês estão o tomate (22,53%), óleo de soja (20,33%), arroz (9,96%) e leite longa vida (5,59%). Os três últimos itens acumularam altas de 34,94%, 28,05% e 27,33% no ano, respectivamente. As carnes também pressionam, com alta de 3,42% no período. O IPCA 15 mede os preços de produtos e serviços ao consumidor entre a última quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês de referência.
Os alimentos, em alta devido a sazonalidade e aumento da demanda causada por mudanças de comportamento de consumo, são os itens que mais contribuem para a inflação em curto prazo prevista pelo Banco Central. Segundo a autoridade monetária, em ata da decisão da política de juros divulgada nesta semana, apesar da alta sentida, há possibilidade de desaceleração na inflação devido a ociosidade de parte da economia.
Os transportes tiveram a segunda maior variação em setembro, de 0,83%, puxada pela gasolina, que subiu 3,19%, na terceira alta consecutiva, e que contribuiu com o maior impacto individual no IPCA-15. O óleo diesel (2,93%) e o etanol (1,98%) também apresentaram alta. Apenas o gás veicular registrou queda de 2,58%. Ainda em transportes, as passagens aéreas apresentaram alta de 6,11%, após quatro meses consecutivos de quedas.
Apesar da pressão dos preços no orçamento, os índices de inflação continuam confortados. O IPCA-15 acumula alta de 1,35% no ano e, em 12 meses, atingiu 2,65%. A meta para inflação deste ano é de 4%, com margem de erro entre 2,5% e 5,5%. Mesmo com a alta dos alimentos e o peso maior dos transportes, a inflação se mantém controlada devido ao baixo ritmo de atividade de outros setores, como o de serviços.
O grupo saúde e cuidados pessoais, por exemplo, registrou queda de 0,69% no período. A baixa se deve ao item plano de saúde (-2,31%), em função da decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de suspender reajuste dos contratos até o fim de 2020. Normalmente, o reajuste ocorre em julho e é retroativo a maio. Com a suspensão, todo o fator apropriado antecipadamente em maio, junho, julho e agosto, referente ao reajuste que seria anunciado em julho, foi descontado no IPCA-15 de setembro.
Os preços dos itens de vestuário continuaram em queda (-0,27%) em setembro, embora o recuo tenha sido menos intenso que o observado nos meses de julho (-0,91%) e agosto (-0,63%). No grupo habitação (0,34%), o destaque ficou com a taxa de água e esgoto, que subiu 1% por causa do reajuste das tarifas em São Paulo. Em contrapartida, o gás encanado ficou 1,65% mais barato devido a reduções no Rio de Janeiro e Curitiba.
De acordo com o IBGE, todas as regiões tiveram variação positiva em setembro. O maior resultado foi registrado em Goiânia (1,10%), devido às altas nos preços da gasolina (8,19%) e do arroz (32,75%). Já a menor variação foi registrada na região metropolitana de Salvador (0,18%), onde a queda nos preços da gasolina (-2,66%) contribuiu com -0,12 p.p. no resultado do mês.