Uso de capangas pode tirar Crivella do cargo
Foto: FCesar/Ofotografico/.
Bolsonaro ameaçou encher de porrada a boca de um jornalista que lhe fez uma pergunta incomoda (“por que Queiroz depositou 89 mil reais na conta de Michelle, a primera-dama?”).
Marcelo Crivella, prefeito do Rio, escalou miliciano de crachá para calar a boca dos cariocas que decidissem se queixar aos jornalistas do mau atendimento em hospitais públicos.
O objetivo dos dois foi o mesmo: impedir que o distinto público conheça a verdade. Só que com a oposição deles ou não, a verdade se tornará conhecida de qualquer forma.
A ameaça de Bolsonaro não se concretizou – do contrário, a essa altura, ele seria alvo de mais um pedido de impeachment. Já são mais de 50, devidamente engavetados pelo presidente da Câmara.
Crivella corre o risco de responder a mais um processo. É o que a Câmara de Vereadores do Rio começa a examinar hoje. Do primeiro ele escapou à custa da distribuição de favores.
Bolsonaro está a pouco de um ano e meio de renovar ou não o seu mandato. Faltam apenas dois meses para que Crivella tente renovar o seu, e espera o apoio de Bolsonaro.
Os milicianos de crachá são devotos do Crivella, parte deles evangélicos como o prefeito. Que ganham mais de mil e poucos a 18 mil para darem plantão em portas de hospitais.
Seu trabalho: estarem atentos a aproximação de jornalistas em busca de notícias. E de pessoas dispostas a relatarem as condições que enfrentaram para ser atendidas, e o que viram.
Monitorados por meio do celular, os milicianos são obrigados ainda a comparecerem a atos públicos para estimular as pessoas a aplaudirem discursos do prefeito.
Quem paga à claque, conhecida como os Guardiões do Crivella, naturalmente são os que pagam impostos.