Vacina russa terá teste amplo no Brasil em outubro
Foto: Divulgação / Fundo Russo de Investimento Direto
A previsão do Instituto de Tecnologia do Paraná, TecPar, laboratório destacado para a produção da vacina russa no Brasil, é de que 10 mil pessoas sejam testadas no país na fase 3 da pesquisa. A expectativa do instituto é que os testes comecem daqui a 45 dias, mas a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda precisa autorizar os ensaios. O anúncio foi feito depois de um estudo publicado na revista médica “Lancet” ter comprovado a eficácia do imunizante nas duas primeiras fases de pesquisa.
Profissionais de saúde de hospitais universitários e públicos do Paraná e grupos de risco estarão entre os testados. A vacina será aplicada em dose dupla com 21 dias de intervalo. Os resultados saem entre 45 e 60 dias dos primeiros testes.
Com isso, a vacinação em massa não acontecerá este ano. A previsão do governo do Paraná é que isso ocorra apenas no início de 2021, depois de a Anvisa, analisar os resultados da fase 3. A documentação para o início dos estudos deve ser enviada à vigilância sanitária em um prazo de dez dias.
Sobre financiamento da compra de doses e tecnologia para a produção independente, o governo do Paraná vai esperar os resultados da terceira fase para fazer um contrato de compra. E já é sabido que precisará de dinheiro federal. O diretor do TecPar, Jorge Callado, disse, no entanto, que o governo do estado já pensa em reservar R$ 200 milhões para a produção da vacina.
Os resultados das duas primeiras fases da pesquisa com a Sputinik V foram publicados nesta sexta-feira na revista médica “Lancet”. De acordo com a publicação, a vacina produziu resposta de anticorpos em todos os participantes dos testes em estágio inicial.
“Os dois testes de 42 dias – incluindo 38 adultos saudáveis em cada – não encontraram nenhum efeito adverso sério entre os participantes e confirmaram que a vacina provoca uma resposta de anticorpos”, diz o estudo divulgado na Lancet.
“Estudos em grande escala e de longo prazo, incluindo uma comparação com placebo e monitoramento adicional, são necessários para estabelecer a segurança e eficácia a longo prazo da vacina para prevenir a infecção por Covid-19”, continua o texto.
A vacina russa recebeu críticas da comunidade internacional depois que Moscou autorizou seu uso na população antes mesmo da conclusão da fase 3 de estudos. Isso provocou temores de que o governo do presidente Vladimir Putin pudesse estar apressando o desenvolvimento do imunizante por motivos políticos.
Mas com os resultados divulgados agora em uma publicação internacional com revisão por outros cientistas, e com testes envolvendo 40 mil pessoas lançados na semana passada, uma autoridade russa disse que Moscou enfrentou seus críticos no exterior.
“Com isto [a publicação do estudo], respondemos a todas as perguntas do Ocidente que foram diligentemente feitas nas últimas três semanas, francamente, com o objetivo claro de manchar [a reputação da] vacina russa”, disse Kirill Dmitriev, chefe do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), fundo soberano do país que financiou o desenvolvimento da vacina.