Witzel tem que se preocupar menos com impeachment que com cadeia
Foto: Pedro Teixeira | Agência O Globo
Será apenas uma formalidade a votação do impeachment de Wilson Witzel, que começa às 15h desta quarta-feira. O governador do Rio já está afastado e não tem chance de voltar ao cargo. A única dúvida do dia é sobre o placar da derrota.
Witzel já perdeu duas vezes por unanimidade. Em junho, a Assembleia Legislativa aprovou a admissibilidade do pedido de impeachment por 69 a 0. Na semana passada, uma comissão especial endossou o relatório favorável à cassação por 24 a 0.
Agora o mesmo relatório será votado em plenário. O deputado Luiz Paulo (PSDB), um dos autores do pedido de impeachment, considera “bastante provável” que o ex-juiz volte a ser derrotado por unanimidade.
Ao ser afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça, Witzel perdeu o poder de barganha para negociar com os parlamentares. Seus últimos aliados pularam no barco do governador em exercício, Cláudio Castro, que também é suspeito de envolvimento em esquemas de corrupção no estado e na prefeitura.
O governo de Witzel já acabou. Agora seu desafio é escapar da cadeia, após ser alvo de duas denúncias por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
No front jurídico, a cassação pode ter um efeito positivo para o ex-juiz. Em agosto, o STJ deixou claro que não está disposto a salvá-lo. Seu afastamento foi confirmado por 14 a 1. E o único ministro que votou contra a medida se aposenta em dezembro.
Sem o mandato, Witzel perde o foro privilegiado e passa a ser processado na primeira instância. Na prática, isso significa que ele ganhará tempo para se defender em liberdade. Pela nova jurisprudência no Supremo Tribunal Federal, os réus só podem ser presos após o trânsito em julgado. O caso teria que passar por quatro instâncias até o veredicto final.