Bolsonaristas espalham fake news sobre urnas eletrônicas
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Mensagens falsas sobre fraudes nas urnas eletrônicas, que já haviam circulado nas redes sociais nas eleições de 2018, não só voltaram a viralizar durante a disputa municipal deste ano como também têm sido compartilhadas pelos mesmos atores. O alerta é do Digital Forensic Research Lab (DRFLab), ligado ao Atlantic Council.
Um relatório da organização aponta que há conexão entre Alberto Silva, blogueiro bolsonarista responsável pelo Pensa Brasil, e o canal “Brasil acima de tudo” no YouTube, que divulgou, no último dia 13, um vídeo segundo o qual os eleitores não seriam capazes de votar porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai implementar este ano o voto pelo celular, sugerindo possível fraude no processo eleitoral.
A mensagem falsa foi verificada pelo Fato ou Fake, serviço de checagem do Grupo Globo, e desmentida pelo TSE. O vídeo, no entanto, já teve mais de 36 mil visualizações no YouTube. Silva é alvo da investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura atos antidemocráticos.
O canal é monetizado, ou seja, seus donos recebem parte das receitas com publicidade que aparecem associadas a seus vídeos.
De acordo com o DRFLab, a página está conectada a pelo menos quatro outros canais ativos e um inativo no YouTube. O mais proeminente deles é o Top Tube dos Famosos, que tem mais de 1 milhão de assinantes e também divulga vídeos pró-Bolsonaro com mensagens falsas ou enganosas.
Ainda segundo o relatório, a pessoa por trás desses canais se identifica como “Rodrigo Moreno”, mas seu nome verdadeiro é Dgeney Rodrigo Passos Alvarenga. Ele é morador de Poços de Caldas (MG), mesma cidade em que vive Alberto Silva.
Além da monetização pela plataforma, o canal também faz marketing de produtos. Nele, Alvarenga orienta seus seguidores a acessarem um documento com conselhos sobre um remédio vendido por R$ 98 que promete “curar a calvície”, comercializado por Alberto Silva.
Mensagens falsas sobre fraudes nas urnas eletrônicas têm circulado com frequência nas redes sociais desde o início da campanha deste ano. No último mês, o Fato ou Fake checou cinco boatos sobre o tema. Pesquisadora do DRFLab e responsável pelo relatório, Luiza Bandeira ressalta, que embora o debate sobre o tema tenha avançado no país, as mesmas redes de desinformação continuam operando nas diferentes plataformas:
— São os mesmos atores lucrando com isso, o que mostra que, mesmo quando já identificamos aquele grupo, a gente não conseguiu agir em cima dele. Não conseguiu fazer com que aquele grupo parasse de espalhar desinformação sobre urna e o sistema eleitoral.