Bolsonaro finge loucura e nega suspeitas contra si e seu governo
Foto: Marcello Casal / Agência Brasil
Um dia após afirmar que “acabou” com a Operação Lava-Jato porque “não tem mais corrupção” em seu governo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que “não tem dado motivo para a Polícia Federal” ir atrás dos seus ministros, como ocorria no passado. A declaração foi dada durante solenidade de encerramento do curso de formação da Polícia Federal, em Brasília.
— Eu não tenho dado motivo para a Polícia Federal ir atrás dos meus ministros, diferentemente do que ocorria no passado. Então, isso é um compromisso nosso não apenas verbal ou de campanha, [mas] vem se comprovando, na pratica, essa forma de trabalhar — afirmou.
O presidente disse que as ações da PF contra corrupção ajudaram na mudança do “status quo” da política brasileira e também em sua vitória, na eleição presidencial de 2018.
— Outro efeito do trabalho de vocês foi no combate à corrupção, e ainda é hoje em dia. isso fez com que muita gente, como disse há pouco, olhasse para um candidato diferente, e eu acabei sendo eleito — afirmou.
Bolsonaro disse que era “prova viva” do trabalho da PF, tanto no que diz respeito ao combate à corrupção, como no trabalho de planejamento de segurança, que, segundo ele, foi responsável por salvar sua vida, em Juiz de Fora (MG), quando sofreu um atentado a faca durante a campanha presidencial.
— Eu sou a prova viva do trabalho de vocês em dois momentos: primeiro, em Juiz de Fora, onde graças ao planejamento de vocês, eu consegui ser evacuado a tempo, de modo que minha vida fosse salva — contou.
Na noite de ontem, o presidente afirmou que “acabou” com a Operação Lava-Jato porque “não tem mais corrupção” em seu governo. Bolsonaro disse ter “orgulho” da atuação do seu governo no combate à corrupção, mas acrescentou que “não é virtude, é obrigação”.
A cerimônia da PF ocorre no dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga se Bolsonaro deve depor pessoalmente no inquérito que apura se ele interferiu de forma indevida na Polícia Federal. A acusação foi feita por Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, quando deixou o governo, em abril deste ano.
O presidente não mencionou as investigações durante o evento, mas afirmou que o atual ministro da Justiça, André Mendonça, nomeado no lugar de Moro, é “muito melhor do que o outro que nos deixou há pouco tempo”.
— Nós temos um compromisso do combate à corrupção, e eu tenho colaborado com a Polícia Federal ajudando, por um lado, ao escolher ministros não por critério politico ou por apadrinhamentos, mas por critérios de competência, como temos aqui o ministro André Mendonça, me desculpe, mas muito melhor do que o outro que nos deixou há pouco tempo — comentou.
Também presente no evento, Mendonça elogiou Bolsonaro e afirmou que o presidente, quando o convidou para o cargo, determinou “a independência e autonomia” dos policiais federais.
— Desde o início, quando o presidente Bolsonaro me convida para assumir o Ministério da Justiça, é fala dele, é determinação dele a independência e autonomia dos senhores, e que o nosso papel era dar os instrumentos para que os senhores desempenhassem bem as funções que a Constituição e a lei delegaram à Polícia Federal — afirmou.
— Não é a toa que o próprio presidente da República convoca o ministro da Economia, diante de um projeto da Polícia Federal e da direção-geral, de termos o maior concurso da história e chegarmos a 2021 com o maior efetivo da história dessa instituição. Não é a toa que o presidente da República vem na abertura e no encerramento do curso de formação dos senhores, isso tem um simbolismo — comentou.