Campanha de Tatto começará atacando PSDB
Foto: Reprodução/PT
Na estreia da propaganda eleitoral na televisão e no rádio, hoje, o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos), que lidera as pesquisas de intenção de votos até o momento, exibirá o presidente Jair Bolsonaro e destacará a promessa de implementar um programa de transferência de renda nos moldes do auxílio emergencial do governo federal, o “auxílio paulistano”, enquanto o prefeito Bruno Covas (PSDB), detentor do maior tempo de propaganda, vai apelar para a biografia e iniciativas de sua gestão, sobretudo durante a pandemia de covid-19, para tentar sensibilizar o eleitor.
A campanha de Russomanno deve reforçar a ideia de que a parceria do candidato com Bolsonaro beneficiará a cidade. O jingle, com dois minutos, destaca três vezes Bolsonaro e cita o deputado como “CR-10” e “defensor do povo”. Nos spots que serão veiculados durante o dia, a campanha deve exibir Russomanno com o presidente.
Bolsonaro ainda não gravou oficialmente para a campanha de Russomanno, segundo o marqueteiro da campanha, Elsinho Mouco, mas a propaganda deve usar imagens do encontro entre os dois em São Paulo, na segunda-feira. “Vamos mostrar Bolsonaro apoiando Russomanno. Com isso, São Paulo sai ganhando”, disse Mouco. Russomanno terá direito a 51 segundos de propaganda.
Na propaganda no rádio e na TV, o candidato deve criticar PT e PSDB, que o derrotou nas eleições de 2012 e 2016, respectivamente, e questionar se os eleitores estão satisfeitos com os resultados da gestão petista, de Fernando Haddad (2013-2016), e de João Doria/ Bruno Covas (2017-2020). Covas foi eleito vice-prefeito na eleição municipal passada e assumiu a prefeitura em 2017, quando Doria deixou a gestão municipal para concorrer ao governo do Estado. “Agora chegou a nossa vez”, diz o marqueteiro da campanha.
Já Bruno Covas, que terá o maior tempo de televisão, quase três minutos e meio, não tem nenhuma pressa para colocar o governador João Doria (PSDB) nas peças publicitárias. “O horário de TV tem uma lógica a ser seguida, em especial para candidatos que, como eu, nunca disputaram eleições majoritárias. Primeiro apresenta quem é o candidato, depois as propostas, e só numa terceira fase quem são os apoios”, disse Covas ao Valor.
O prefeito afirmou que a ex-prefeita Marta Suplicy também deverá aparecer em sua propaganda, mas o formato sobre como isso ocorrerá está sendo avaliado pelos estrategistas da campanha. A ex-petista deixou recentemente o Solidariedade por não concordar com o apoio da legenda a Márcio França (PSB), e declarou voto a Covas.
O tucano quer usar os primeiros programas para falar de sua biografia, exaltando que é neto do ex-governador Mario Covas. Exibirá as ações do governo e falará de suas propostas.
O PT aposta no horário eleitoral gratuito, com 1min7s, para que pelo menos até o final de outubro o candidato Jilmar Tatto deixe a desconfortável posição de um dos lanterninhas da disputa e alcance dois dígitos das intenções de voto. A crença de que Tatto, mesmo desconhecido na capital, possa ultrapassar Guilherme Boulos (Psol) é sustentada, no PT, pelas últimas pesquisas Datafolha e Ibope que apontaram o crescimento da preferência do eleitorado pela sigla, de 18% a 23%, respectivamente.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula vai aparecer pelo menos nos cinco primeiros programas e em todas as inserções. Segundo o Datafolha, 20% com certeza votariam num candidato indicado por ele, e 21% talvez possam votar. A outra estratégia é mostrar a experiência de gestão de Tatto nos governos de Marta Suplicy e Fernando Haddad. Já está definido que a campanha petista vai criticar o fim do auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal numa tentativa de atingir Bolsonaro. Tatto vai propor, assim como Russomanno, uma renda básica emergencial aos paulistanos.
Houve questionamento interno na campanha sobre citar ou não o nome de Marta Suplicy. Optou-se por citar o nome da ex-prefeita e associar o perfil de Tatto, que foi secretário de Transportes, à criação do Bilhete Único e dos corredores de ônibus, duas bandeiras da gestão Marta.
O PT não vai comprar briga com Russomanno na largada. No entendimento dos estrategistas da campanha, o prefeito é Bruno Covas e, portanto, é a gestão dele que deve ser criticada. Isso não significa, segundo um aliado de Tatto, que Russomanno será poupado pelo PT.
Na capital paulista, 10 dos 14 candidatos a prefeito terão direito ao horário eleitoral gratuito, que começa hoje e vai até 12 de novembro, três dias antes do primeiro turno. Serão dois blocos de dez minutos por dia de propaganda. No rádio, será veiculada das 7h às 10h e das 12h às 12h10; na televisão, das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40. A divisão do tempo do horário eleitoral é feita com base no número de deputados federais eleitos.