Candidatos começam a fugir de Bolsonaro
Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
Após ver sua candidatura cair nas pesquisas e sua rejeição crescer no eleitorado paulista, o candidato Celso Russomanno, do Republicanos, reduziu as menções ao presidente Jair Bolsonaro na sua propaganda eleitoral na TV e no rádio. Nas inserções e nos programas veiculados na segunda e na terça-feira, a ênfase ao apoio de Bolsonaro deu lugar aos ataques ao adversário e prefeito Bruno Covas (PSDB), que disputa a reeleição.
A prioridade da campanha agora é colar a imagem de Covas no governador João Doria, cuja rejeição é alta na capital desde 2018, quando o tucano deixou a prefeitura para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.
De acordo com o instituto Datafolha, a rejeição dos padrinhos políticos Bolsonaro e Doria é significativa na capital. Levantamento do começo de outubro mostra que 63% dizem que não votariam em candidato apoiado por Bolsonaro. Outros 60% também não iriam às urnas a favor de aliados do governador João Doria (PSDB).
A maior parte dos jingles da campanha de Russomanno também já não citam mais o presidente. Os versos que foram ao ar nas semanas anteriores diziam que com “Russomanno e Bolsonaro quem ganha é a nossa cidade”.
O marqueteiro Elsinho Mouco nega que o candidato tente se descolar do presidente e deixa claro que seu foco agora é associar Covas à rejeição de Doria.
A tática de Russomanno de começar a se desvincular do presidente começou na semana passada após a divulgação do mais recente levantamento do Datafolha, quando o candidato recuou de 27% para 20% nas intenções de voto. Na mesma pesquisa, Covas oscilou positivamente dois pontos e tem 23%. Na ocasião, Russomanno disse que faria convênio com o Instituto Butantan para a compra da vacina coronavac e que tomaria uma dose contra a doença. Bolsonaro tem se mostrado contrário a vacina do Butantan, encampada pelo governador Doria.
Também no Datafolha, a rejeição do candidato do Republicanos disparou e o percentual de eleitores que afirmam não votar nele de jeito nenhum passou de 29% para 38%. No mesmo levantamento, Covas, por sua vez, reduziu a sua rejeição para o menor patamar.
Em sabatina ao GLOBO no início de outubro, Russomanno negou a possibilidade de se desvincular de Bolsonaro e disse que não trai os amigos.