Em SP, evangélicos se dividem entre Covas e Russomanno

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Foto: Reprodução

Primeiro, Celso Russomanno, do Republicanos, cancela sua presença numa cerimônia de segunda-feira à noite da Assembleia de Deus Ministério Belém. Em seguida, no mesmo evento, o tucano Bruno Covas é recebido com elogios por lideranças da igreja. A cena retrata a divisão que existe no mundo evangélico paulistano nesta eleição.

Enquanto Russomanno tem o apoio da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), a maior denominação entre as denominações neopentecostais, Covas ganha terreno entre as igrejas concorrentes da Iurd.

A Assembleia de Deus Ministério Belém e Ministério Madureira junto com a Universal são os pesos-pesados na comunidade evangélica em número de fiéis, na cidade de São Paulo. No eleitorado pentecostal e neopentecostal, Russomanno leva vantagem significativa sobre o concorrente.

Enquanto Covas atinge patamar de intenção de voto de 19% nesse eleitorado até o momento, Russomanno passa de 30%. No Ibope teve 34% e no Datafolha 37%. A performance dos demais concorrentes nesse segmento é pouco relevante, conforme dados das pesquisas divulgadas neste início de campanha.

Reservadamente, líderes religiosos têm resistência ao nome de Russomanno por ele não ser evangélico e por não se apresentar como um “conservador raiz”, alguém 100% afinado com a pauta de costumes. Resta saber se o apoio declarado do presidente Jair Bolsonaro pode dar um impulso a Russomanno de modo a vencer as desconfianças.

Outro ponto é uma disputa interna nos segmentos pentecostal e neopentecostal, que coloca em lados opostos a Igreja Universal e a Assembleia de Deus, que competem entre si. Lideranças veem com certa reserva o fortalecimento político do partido de Celso Russomanno, o Republicanos, sob forte influência da Universal, e tentam se contrapor ao projeto de poder do bispo Edir Macedo. O hoje candidato fez carreira na TV defendendo consumidores e é apresentador da TV Record, também controlada pela Igreja Universal.

A Assembleia de Deus Ministério Belém, liderada pelo pastor José Wellington, foi a que promoveu um culto ontem para comemorar seu aniversário com a presença de alguns candidatos a prefeitos como Bruno Covas e Andrea Matarazzo, do PSD, na capital paulista e o presidente Jair Bolsonaro, além do ministro da Educação Milton Ribeiro e da ministra da Família e dos Direitos Humanos, DamAres Alves — os dois últimos são pastores.

O filho do anfitrião e também pastor, José Wellington Júnior, saudou Covas que foi muito aplaudido pelos fiéis:

— Ele (Covas) é muito querido por nós e tem facilitado para que a igreja possa pregar a palavra de Deus — disse Júnior, referindo-se a autorização dada pelo prefeito para que a igreja abra as portas, mas com regras de distanciamento social e até 40% de sua capacidade nos cultos.

A Assembleia de Deus Ministério Belém não dá sustentação política a Russomanno nesta eleição, tanto que o candidato acabou cancelando sua participação no evento. Ela está dividida entre um apoio a Covas e a Matarazzo. Uma das filhas do pastor José Wellington, Ruth Costa, é candidata a vereadora em São Paulo pelo PSDB, partido do prefeito. Outra filha dele, a deputada Marta Costa, é do PSD e vice de Matarazzo.

O Globo