Guedes diz a Bolsonaro que teto é sagrado
Foto: Alan Santos/PR
Há cerca de duas semanas, no auge do enfrentamento entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), o titular da Economia teve uma conversa franca com o presidente Jair Bolsonaro.
Na ocasião, Guedes fez o alerta de que o movimento interno para furar a regra do teto de gastos poderia tirar a credibilidade da equipe econômica. Alertou também que as consequências seriam devastadoras com a pressão pelo aumento da taxa de juros.
Cada ponto percentual elevado da Selic – a taxa básica de juros – gera um impacto fiscal de R$ 80 bilhões. Ou seja, tal impacto seria muito maior do que o necessário para criar o novo programa social do governo (Renda Brasil ou Renda Cidadã).
Os embates entre os dois ministros tiveram como principal pano de fundo a possibilidade de o governo descumprir o teto de gastos para criar o programa.
Pelos relatos, Bolsonaro ficou impressionado com o que ouviu de Guedes e decidiu colocar um freio nas especulações.
O presidente foi além e deu sinal verde para Guedes reagir publicamente ao ministro do Desenvolvimento Regional, que numa fala para o mercado financeiro atacou o ministro da economia.
Foi então que Guedes, na portaria do seu ministério, disse que se, Marinho falou mal dele, o ministro do Desenvolvimento Regional “é um despreparado, desleal e fura teto”.
A fala do titular da Economia teve recado certo: numa reunião ministerial uma semana antes, Marinho disse que jamais seria desleal com um colega de governo. Por isso, em trocas de mensagens de celular entre os próprios ministros, repercutiu muito mal a notícia de que Marinho criticou Guedes para economistas do mercado.