Lava Jato fez reunião antes de responder Bolsonaro

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Foto: Adriano Machado/Reuters

Foi depois de uma hora e meia de reunião, com direito à votação entre os membros, que a força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba decidiu responder à frase de Jair Bolsonaro de que “de que acabou” com a Lava-Jato porque seu governo “não tem corrupção”. Um dia depois da fala do presidente, o grupo emitiu uma nota afirmando que o pronunciamento mostra “desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade”.

Na reunião, o principal dilema era se a manifestação pública poderia gerar retaliações à força-tarefa. Apesar dos procuradores avaliarem que essa possibilidade existia, prevaleceu a decisão de se posicionar diante de uma fala “tão categórica” do presidente. O grupo discutiu o texto em detalhes “para explicar a importância da operação, sem parecer uma afronta”, disse à coluna o coordenador da força-tarefa, Alessandro de Oliveira. O procurador-geral da República Augusto Aras, que tem mantido boa relação com Bolsonaro, não foi consultado sobre a iniciativa.

Os procuradores do Paraná cogitaram fazer contato com a força-tarefa do Rio, mas avaliaram que a redação de um texto conjunto poderia demorar demais. O grupo fluminense preferiu não se posicionar sobre a fala de Bolsonaro.

A força-tarefa de Curitiba enfrentou uma série de embates com Aras. Ele chegou a dizer que o grupo é uma “caixa de segredos” com 50 mil documentos “sob opacidade”. O relação melhorou com a saída de Deltan Dallagnol. Mesmo assim, a manutenção da força-tarefa não está garantida, já que sua prorrogação vai até janeiro de 2021.

O Globo