ONG francesa acusa Bolsonaro de cercear imprensa
Foto: Jorge William / Agência O Globo
Os ataques do presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas e a imprensa aumentaram no terceiro trimestre deste ano, se comparado ao período anterior. Segundo relatório da organização “Repórteres sem Fronteiras” divulgado, nesta terça-feira, foram 105 ataque diretos a veículos e meios de comunicação, dez ataques a jornalistas mulheres e 12 contra homens.
De acordo com a organização, Bolsonaro foi responsável por 27 ataques, ante 21 casos no segundo semestre. Os filhos do presidente com cargos eletivos são apontados como responsáveis por ampliar esses ataques. Com 79 casos registrados no terceiro trimestre (contra 63 no segundo trimestre), o deputado federal Eduardo Bolsonaro lidera o ranking com quase um ataque por dia. Ele é seguido por Carlos Bolsonaro, vereador do Rio, com 19, e pelo senador Flávio Bolsonaro, com 21 ataques
Entre os integrantes do governo federal, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, é a mais hostil aos meios de comunicação, com 12 ataques neste terceiro trimestre (contra 4 no segundo trimestre). Damares é seguida pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, com 7 ataques (contra 1 no segundo trimestre), e pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, com 5 ataques (contra 2 no segundo trimestre).
O Repórteres sem Frontreiras destaca ainda que jornalistas continuaram a ser bloqueados nas redes sociais por agentes do Estado, conforme mostra um relatório recente da Associação Brasileira de Defesa do Jornalismo Investigativo (Abraji). Desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2019, o governo Bolsonaro tomou pelo menos 13 medidas para reduzir o acesso à informação no país, segundo a organização, com base em detalhamento do jornal “Folha de São Paulo”.
A organização ainda constatou um aumento de “processos judiciais abusivos” contra jornalistas e meios de comunicação, “em sua maioria movidos por representantes do Estado ou pessoas próximas à presidência”.
O relatório cita o caso em que a Justiça do Rio censurou uma série de relatórios da “TV Globo” sobre as investigações em andamento contra o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, suspeito de desvio de verbas públicas quando era deputado estadual.
Outro casos citado é o de um juiz que impôs ao “Jornal GGN” e seu editor, o jornalista Luís Nassif, a retirada de 11 artigos sob pena de multa de dez mil reais. Os artigos abordavam a aquisição irregular pelo banco BTG Pactual – do qual o ministro da Economia Paulo Guedes é um dos fundadores – de participações no Banco do Brasil, um banco público.
Alegando que a reportagem continha informações sigilosas, a justiça decidiu a favor da denúncia do BTG Pactual: os 11 artigos, apesar do recurso interposto por Luís Nassif, ainda estão censurados.