Pandemia gera sucessivos superávists no comércio exterior
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As contas externas registraram superávit de US$ 2,320 bilhões em setembro deste ano, de acordo com números divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (23). Esse foi o sexto mês seguido de resultados positivos.
O resultado de transações correntes, um dos principais do setor externo do país, é formado pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
A melhora no resultado das contas externas neste ano é fruto do saldo positivo da balança comercial brasileira, que tem sustentado bons números em meio à pandemia de Covid-19, principalmente devido à queda das importações.
Além disso, déficits menores nas contas de serviços e renda têm sido registrados, em razão do desaquecimento da economia mundial e do fechamento de fronteiras – este último fator contribuiu para o menor gasto de brasileiros no exterior em 16 anos em setembro.
Segundo o BC, na parcial dos nove primeiros meses deste ano, a conta de transações correntes registrou déficit de US$ 6,476 bilhões, o que representa uma queda de 82,3% frente ao mesmo período do ano passado (-US$ 36,748 bilhões). Esse foi o melhor resultado para o período em 13 anos.
Para todo ano de 2020, a expectativa do Banco Central é de um déficit menor das contas externas, de US$ 10,2 bilhões, por conta da pandemia do novo coronavírus. Se confirmado, será o melhor resultado em 13 anos.
O Banco Central também informou que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 28,554 bilhões de janeiro a setembro deste ano. Com isso, houve queda de 45% frente ao mesmo período de 2019, quando somaram (US$ 52,032 bilhões).
Mesmo assim, os investimentos estrangeiros foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas no acumulado deste ano (US$ 6,476 bilhões).
Quando o déficit não é “coberto” pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.
Somente em setembro, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 1,597 bilhão, com forte recuo frente ao mesmo mês de 2019 – quando totalizaram US$ 6,033 bilhões.
Em todo ano passado, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 73,504 bilhões, com pequena alta frente ao ano anterior.
Para 2020, o Banco Central estima um ingresso de US$ 50 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira, o menor valor em 11 anos.