
Presidente da Fundação Palmares diz que Benedita é “racista”
Foto: Reprodução – Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, disse que vai à Justiça contra a candidata do PT à Prefeitura do Rio, Benedita da Silva, após ela o chamar de “capitão do mato a mando de Bolsonaro”.
Benedita usou a expressão ao comentar a decisão de Camargo de excluir seu nome da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares, na quarta-feira (30/9). “Ainda hoje fui surpreendida por uma decisão arbitrária do capitão do mato que preside, a mando de Bolsonaro, a Fundação Palmares, que deveria preservar a memória e a cultura do povo negro, mas está fazendo o contrário”, disse Benedita.
Segundo Sérgio Camargo, as declarações da deputada configuram injúria racial e foram entregues a um advogado. “Benedita da Silva me chama de ‘capitão do mato’, expressão que, no entendimento da Justiça, configura injúria racial. Levarei as declarações da deputada à análise do meu advogado”, comentou o presidente da Fundação Palmares em seu perfil no Twitter.
Benedita da Silva me chama de “Capitão do Mato”, expressão que, no entendimento da Justiça, configura injúria racial.
Há precedente. Ciro Gomes foi condenado por usar o mesmo insulto racista contra Fernando Holiday.
Levarei as declarações da deputada à análise do meu advogado. pic.twitter.com/wCyYKE6k3S— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) October 1, 2020
Camargo cita ainda o episódio envolvendo Ciro Gomes (PDT-CE) e o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), em 2018. Holiday processou o ex-ministro após ser chamado de “capitãozinho do mato nazista” e “traidor da negritude, em entrevista à rádio Jovem Pan.
Em janeiro deste ano, a juíza Ligia dal Colletto Bueno, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível de São Paulo, determinou a penhora de bens de Ciro para garantir o pagamento da indenização por danos morais de R$ 38 mil ao vereador paulista.
Desde quarta-feira (30/9), a petista Benedita da Silva não faz mais parte da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. Sérgio Camargo alegou que a decisão foi tomada por Benedita responder a um processo por improbidade administrativa.
“O nome da deputada Benedita da Silva (PT) foi excluído da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. Benedita responde pelo crime de improbidade administrativa e seus bens foram bloqueados pela Justiça”, comentou.
A petista teve os bens bloqueados em 2015 pela 6ª Vara de Fazenda Pública do Rio, que também determinou a quebra de sigilos bancário e fiscal da candidata. À época, ela foi acusada pelo Ministério Público de improbidade administrativa por dispensar licitação quando foi secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, entre 2007 a 2010, no primeiro mandato de Sérgio Cabral.
Segundo a Justiça, os prejuízos causados aos cofres públicos foram de R$ 32 milhões. Ela não foi condenada no caso. No entanto, em agosto deste ano, o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública do Rio, Bruno Bodart, decidiu manter o bloqueio de bens da candidata.
Benedita, de 78 anos, foi a primeira senadora negra do Brasil. É de sua autoria o projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais. Antes de ser retirado do ar, o perfil da petista na Fundação Palmares a identificava como “autora de 84 projetos de leis de grande importância para a população. Sua atuação ajudou a escrever a história recente do país”.