Twitter impõe tsunami contra Bolsonaro por privataria da Saúde

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Foto: Pablo Jacob

O movimento nas redes sociais em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), nesta quarta-feira, marcou a pior repercussão negativa via Twitter de uma medida do governo Bolsonaro desde o início da gestão, em janeiro de 2019. Dados levantados pela consultoria Arquimedes e obtidos pelo Sonar indicam que 98,5% das menções feitas na plataforma sobre o tema foram desfavoráveis ao decreto que o presidente Jair Bolsonaro assinou na terça-feira, autorizando a equipe econômica do governo a preparar um modelo de privatização para unidades básicas de saúde (UBS). A pressão online, junto com a movimentação política em Brasília, levou a um recuo e fez com que o decreto fosse revogado.

A consultoria Arquimedes analisou mais de 150 mil menções no Twitter ao SUS e às unidades de saúde, publicadas entre meia-noite e 16h desta quarta-feira. Além das 98,5% mensagens negativas em relação à proposta, 1,5% das publicações adotaram tom favorável à iniciativa que tinha, de acordo com Bolsonaro, a intenção de levantar recursos para terminar obras de unidades inacabadas e “permitir aos usuários buscar a rede privada com despesas pagas pela União”.

Diante da possibilidade de uma brecha para a privatização de ativos da rede de saúde, a hashtag #DefendaOSUS permaneceu como a mais citada por usuários da plataforma durante a maior parte do dia.

Ainda de acordo com a Arquimedes, a falha na correção da prova do Enem, em janeiro deste ano, havia sido o episódio mais desastroso para o governo no Twitter até hoje. Naquela ocasião, a consultoria identificou cerca de 90% menções negativas à administração federal.

— A base de apoiadores do governo não encontrou argumento para defender o decreto sobre as unidades de saúde. As críticas, no entanto, ultrapassaram o diálogo sobre política, alcançando influenciadores de toda sorte. O alcance e a velocidade foram impressionantes — afirma Pedro Bruzzi, sócio da Arquimedes e responsável pelo levantamento.

Emicida protagonizou debate

Entre as publicações sobre o SUS verificadas pela Arquimedes, a que mais obteve impacto digital foi feita pelo cantor e compositor Emicida, com mais de 100 mil retuítes em contas de outros usuários. Às 11h21m da manhã desta quarta, o artista publicou uma foto de uma projeção em um prédio onde se lia: “O SUS salva vidas. Ele não”. A mensagem é uma referência à mobilização virtual e presencial feita em 2018 por pessoas contrárias à eleição de Bolsonaro naquele ano.

 

Além de Emicida, o youtuber Felipe Neto também se destacou entre os autores de conteúdos que mais mobilizaram o Twitter. Em evidência durante todo o dia por causa de uma polêmica envolvendo o Botafogo e um embate com a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), o influenciador obteve mais de 24 mil retuítes ao escrever: “Quem defende a privatização do SUS é GENOCIDA”.

Entre o 1,5% de mensagens favoráveis à medida do governo, estão influenciadores como o economista Pedro Menezes, colunista do jornal “Gazeta do Povo”, de Curitiba, e do portal “InfoMoney”; o advogado Irapuã Santana, que atua como consultor jurídico pelo movimento liberal Livres, e Italo Lorenzon, fundador do portal “Terça Livre”.

 

O Globo