Caso Constantino expõe relação da extrema-direita com estupros
Rodrigo Constantino expõe a filha e ela é quem precisa se explicar?
Se minha filha chegar em casa (…) um dia dizendo ‘pai, fui numa festinha e fui estuprada’, eu vou pedir as circunstâncias: [se ela disser] ‘Fui para uma festinha, eu e três amigas, tinha dezoito homens, nós bebemos muito e eu estava ficando com dois caras e acabei dormindo lá e fui abusada’, ela vai ficar de castigo feio. Eu não vou denunciar um cara desses para a polícia, eu vou dar um esporro na minha filha.” A frase foi dita na quarta-feira (4) por Rodrigo Constantino.
O colunista foi demitido da Record, da rádio Jovem Pan e pelo menos mais 2 veículos para os quais colaborava depois de muita pressão e repúdio causados por sua fala. A declaração foi dada em uma live comentando o caso Mariana Ferrer (a influenciador foi humilhada e culpabilizada pelo advogado Cláudio Gastão Filho em audiência que julgava o homem acusado de estuprá-la).
“Mas você provocou?”
“Eu não vou estuprar você porque você não merece. Você é muito feia para ser estuprada.” A frase foi dita pelo hoje presidente Jair Bolsonaro para a deputada Maria do Rosário em 2014.
Os fatos não são isolados: eles mostram bem como funciona a cultura do estupro na cabeça de alguns homens. Estupro seria “merecimento”. E existiriam mulheres, as tais “piranhas”, que, no caso, não seriam vítimas se estupradas, já que teriam provocado o crime.
A fala de Constantino combina com a fala do advogado Cláudio Gastão Filho, que disse para a vítima Mariana Ferrer “não era santa” já que “dava show no Instagram”.
No primeiro caso, Maria do Rosário processou o então deputado. Anos depois presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas públicas à deputada, mas apenas por conta de uma determinação judicial.
No segundo, a filha do colunista gravou uma explicação em vídeo, deixando claro que estava abalada. “Ter que ler uma coisa assim do meu pai, realmente me abalou muito”, afirmou a jovem. “Muita gente que está vendo esse vídeo não concorda com o que ele fala, não gosta dele, mas realmente eu tenho certeza que se uma coisa dessas acontecesse, ele iria ficar do meu lado. Só precisava falar isso.”
Sobrou para a filha de Rodrigo Constantino se explicar. Uma menina jovem, que não tem responsabilidade alguma sobre o que o pai diz. O vídeo, gravado por ela em redes sociais para amigos, viralizou. Além de tudo, ainda saiu exposta.
Nos três casos, foram mulheres que precisaram falar: “assim, não”.
Estupro é um dos maiores medos de todas as mulheres, um medo real, que nos faz passar por momentos de pânico em ruas escuras e vazias, dentro de um carro que a gente por aplicativo, quando um olhar enviesado nos faz pegar o telefone e fingir um telefonema. Esse é um trauma feminino padrão. No caso das mulheres que já foram vítimas do crime, isso é uma marca que carregam para sempre.
É desolador ter que explicar todos os dias que com estupro não se “contemporiza” e ainda ver mulheres sendo usadas para justificar o pensamento do “tem mulher que provoca”.
Outra coisa chama a atenção na fala de Constantino. Ele diz que não iria “denunciar um cara desses para a polícia, eu vou dar um esporro na minha filha”. Que fique claro: pai nenhum é proprietário dos direitos da filha. Qualquer mulher que se sentir violentada tem direito à justiça.
E não, a culpa não é da mulher, seja quando ela sofre uma violência, seja quando um homem que é seu familiar ou amigo fala um absurdo.
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