Covas teme abstenção de seu eleitorado

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Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

O afunilamento da disputa pela prefeitura de São Paulo, conforme mostrou pesquisa Datafolha nesta terça-feira, fez crescer a preocupação na campanha de Bruno Covas (PSDB) com o índice de abstenção no próximo domingo e o desgaste na imagem de seu vice, Ricardo Nunes (MDB). Covas tem uma intenção de voto expressiva entre os eleitores com mais de 60 anos – grupo de risco da Covid-19 – e sua campanha acredita que a abstenção histórica registrada no primeiro turno (29%) foi responsável pela vitória do tucano mais magra do que apontavam as pesquisas na véspera – 32% dos votos válidos nas urnas contra 37% de intenção de voto nos levantamentos.

Se a vantagem de Covas continuar encolhendo em relação a Guilherme Boulos (PSOL), a abstenção poderá fazer falta ao candidato do PSDB. O nível de preocupação na campanha pode ser identificado pelas críticas que articuladores e apoiadores de Covas têm feito ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. Em conversas reservadas, ele consideram um “estímulo” à abstenção o discurso de Barroso sobre a facilidade que eleitores terão para justificar o voto por meio de um aplicativo do TSE, criado para a eleição deste ano. Não está descartada a realização de uma campanha de estímulo ao voto por Covas para ser divulgada no horário eleitoral.

Outro assunto que está dando dor de cabeça é o vice Ricardo Nunes. Apoiadores de Boulos estão desgastando a imagem do candidato a vice com a divulgação de uma denúncia feita dez anos atrás pela mulher do político. Em um boletim de ocorrência, ela acusou Nunes de ameaça e agressão verbal após o término do relacionamento dez anos atrás. Eles reataram depois do episódio e estão juntos até hoje. A mulher nega hoje o que relatou à polícia e diz que fez a denúncia num momento difícil. Posts e mensagens sobre essa denúncia circulam pelas redes sociais questionando quem poderia assumir a prefeitura no caso de Covas não cumprir seu mandato. Diante do estrago que isso pode causar à candidatura de Covas, uma assessoria específica para Nunes reagir à ofensiva foi contratada.

Segundo dados do Google analisados pelo GLOBO, nos últimos dias houve um crescimento de interesse pelo candidato a vice na internet. Das 25 consultas sobre Covas que mais tiveram aumento de busca, 23 são relacionadas a Nunes. As buscas geralmente são perguntas sobre quem é Ricardo Nunes e sobre informações sobre o seu desentendimento com sua esposa. Segundo a ferramenta, houve um aumento de mais de 1350% nas buscas por “Ricardo Nunes vice do Bruno Covas”, por exemplo.

Além disso, mesmo quando analisadas o volume de pesquisas, as buscas por “Covas Vice” e “Vice do Covas” aparecem como a terceira e quarta mais pesquisadas entre as consultas relacionadas ao tucano. Ao todo, seis das dez pesquisas mais realizadas sobre Bruno Covas são sobre seu vice.

Após a recente redução da distância nas pesquisas, Covas subiu novamente o tom contra Boulos e voltou a associar o adversário ao termo “radicalismo”, como já havia feito no início do segundo turno. “A partir do momento em que você, somente por uma visão ideológica, acha que, por exemplo, Venezuela e Cuba são democracias porque têm eleição, é claro que isso mostra radicalismo”, afirmou em entrevista à rádio CBN na terça-feira. A declaração fez alusão a uma entrevista de Boulos durante a campanha presidencial de 2018, quando ele afirmou que não considerava Cuba e Venezuela como ditaduras.

O Globo 

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