Crescimento de Tatto trava Boulos
Foto: Divulgação
O crescimento do candidato do PT, Jilmar Tatto, na disputa pela Prefeitura de São Paulo tornou-se um obstáculo para a campanha de Guilherme Boulos e tem dificultado o avanço do candidato do Psol sobretudo na periferia, tradicional reduto petista. Boulos está empatado em segundo lugar na disputa com Celso Russomanno (Republicanos) e Márcio França (PSB) e aposta na migração de eleitores petistas para sua candidatura na reta final da campanha, com o chamado voto útil. A divisão da esquerda na disputa, com as candidaturas de Tatto e Boulos, porém, corre o risco de deixar o campo progressista fora do segundo turno da eleição paulistana pela primeira vez em quase três décadas.
Boulos tinha 9% no fim de setembro e foi para 12% no início de outubro, segundo pesquisas do Datafolha. Depois do início da propaganda eleitoral, chegou a 14% na pesquisa realizada entre 20 e 21 de setembro e manteve-se com esse percentual na pesquisa mais recente, do fim da semana passada. Ao mesmo tempo, Tatto, até então pouco conhecido, passou a ser exibido na TV e no rádio como o candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT e cresceu de 1% para 6% das intenções de voto desde o início de outubro.
Na avaliação do especialista em marketing político Renato Dorgan, sócio proprietário do Instituto Travessia, o crescimento de Tatto tem impedido a candidatura do Psol de deslanchar. “O PT amarrou uma bola de ferro em Boulos”, afirma Dorgan. “Tatto só cresceu em intenção de voto nas classes mais baixas por conta do Lula. É Tatto quem estanca o crescimento de Boulos. O candidato do Psol está encapsulado na classe média”, diz o especialista. “Boulos conta hoje com o apoio da classe média progressista, de uma esquerda mais intelectualizada, com o perfil do voto que era do PT nos anos 80, 90”, avalia. “Não consegue deslanchar nas áreas mais pobres por conta do PT e do Lula”, reforça.
Responsável pela campanha de Celso Russomanno, Elsinho Mouco faz uma leitura semelhante. “Lula vai tirar Boulos do segundo turno”, diz, em referência ao candidato petista apoiado pelo ex-presidente.
Na pesquisa mais recente do Datafolha, feita entre 03 e 04 de novembro, Russomanno tem 16%, Boulos, 14% e França, 13%. Os três estão empatados tecnicamente na pesquisa, que tem margem de erro de três pontos percentuais. O líder é o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), com 28%.
A estratificação dos dados do Datafolha e do Ibope por escolaridade e renda mostra a dificuldade de Boulos de pontuar entre os mais pobres, moradores de periferias, que têm tradicionalmente grande peso no eleitorado de esquerda na capital.
Dados do Ibope, de 30 de outubro, por exemplo, ilustram a vantagem de Tatto. Se, no quadro geral, o candidato do Psol tem 13% de intenções de voto nessa pesquisa e o petista, 6%, quando se olha só para eleitores com renda de até um salário mínimo, Boulos tem 5% diante de 10% de Tatto. Por outro lado, Boulos atinge 22% entre quem ganha mais de cinco salários mínimos e 23% entre quem cursou Ensino Superior, enquanto Tatto pontua 3% em cada um desses grupos.
A campanha de Boulos não pretende entrar em conflito com Tatto e conta com o voto útil de petistas na reta final da disputa para chegar ao segundo turno. Desde o lançamento da candidatura, Boulos busca reforçar os laços com a periferia, onde mora e onde fez seu primeiro evento de campanha. Assim como Tatto, o candidato do Psol fez uma agenda intensa de campanha nos bairros periféricos. “A campanha está focada na periferia”, afirma o coordenador de campanha do Psol na capital, Josué Rocha. “Fizemos caravanas em diversos bairros das quatro regiões da cidade para atingir este eleitorado.” Nesta semana, às vésperas do primeiro turno, a agenda de Boulos vai se dividir entre as ruas e debates.
“Estamos em segundo lugar na pesquisa espontânea e temos uma taxa de conhecimento relativamente baixa”, diz Rocha. “À medida que os eleitores têm acesso às nossas propostas, há grande probabilidade de que votem na nossa candidatura.”
A esquerda ficou em primeiro ou segundo lugar em todas as eleições pela Prefeitura de São Paulo desde 1988. Naquela eleição, ainda não havia segundo turno e Luiza Erundina, atual vice na chapa de Boulos e então filiada ao PT, venceu Paulo Maluf (PP). Na disputa seguinte, em 1992, Eduardo Suplicy (PT) foi para o segundo turno contra Maluf e perdeu. Quatro anos depois, Erundina disputou no segundo turno contra Celso Pitta, mas foi derrotada. Em 2000, Marta Suplicy, então no PT, passou para a segunda rodada eleitoral contra Maluf e venceu. Ao tentar a reeleição em 2004, Marta competiu contra José Serra (PSDB) no segundo turno e perdeu. Na eleição seguinte, Marta foi novamente para o segundo turno contra o então prefeito Gilberto Kassab (PSD), mas novamente foi derrotada. Em 2012, Fernando Haddad (PT) venceu Serra na segunda rodada eleitoral. Em 2016, João Doria (PSDB) levou a disputa já no primeiro turno, mas Haddad ficou em segundo lugar na capital.
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