Funcionários da prefeitura desafiam Crivella e recolhem panfletos
Foto: Reprodução/Facebook
Em pelo menos quatro igrejas na Zona Norte do Rio, funcionários da prefeitura do Rio que apoiam a candidatura de Eduardo Paes (DEM) recolheram à força panfletos distribuídos por cabos eleitorais de Marcelo Crivella (Republicanos). O material de campanha de Crivella continha falsas acusações contra Paes e o PSOL, o que levou o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) a proibir nesta quarta-feira a distribuição dos panfletos. A abordagem de servidores a pessoas que distribuíam os panfletos ocorreu no fim de semana, e foi registrada em vídeo pelos próprios funcionários.
Nos vídeos, aos quais O GLOBO teve acesso, um dos homens ameaça os cabos eleitorais de Crivella em abordagem diante da Irmandade Nossa Senhora da Penha: “Da próxima vez, vou prender vocês”. Em outra gravação, o mesmo homem faz um relato de dentro do carro, após filmar seu colega retirar uma pilha de panfletos das mãos de uma mulher que fazia a distribuição diante da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também na Penha: “Molina e Jaé andando aqui na Penha, recuperamos aqui da mão da mulher”.
O autor da filmagem é Alexandre Molina dos Santos, admitido em 2001 na Guarda Municipal. Já o colega que aparece retirando os panfletos nesta e em outras filmagens é Roberto Figueiredo da Silva, conhecido como Betinho Jaé, que está na Guarda Municipal desde 1999. Em suas redes sociais, Molina apresenta-se como apoiador de Paes e se diz perseguido pela gestão Crivella. Em julho, quando cogitava se lançar candidato a vereador, Molina publicou um vídeo ao lado de Paes, que chamou o aliado de “um cara muito especial”: “Trabalhou ao meu lado nos oito anos em que estive na prefeitura. O que a gente fez na região da Leopoldina, no subúrbio, devo muito ao Molina”, afirma Paes no vídeo.
Roberto, por sua vez, publicou fotos nas redes ao lado do deputado federal Pedro Paulo, aliado de Paes e que concorreu à sua sucessão em 2016, na eleição vencida por Crivella. Lotado atualmente como agente de transporte, Roberto teve remuneração bruta de R$ 5,3 mil em outubro. Molina, lotado na 3ª Inspetoria Geral (Higienópolis), recebeu R$ 4,8 mil. Eles não estavam uniformizados e não se identificaram como guardas municipais nas abordagens. Outros dois homens aparecem nos vídeos, e um deles chega a discutir com um funcionário na porta da Igreja Universal de Brás de Pina, outro local onde os panfletos foram recolhidos.
Ao GLOBO, Molina negou que Paes tivesse conhecimento da ação de recolhimento dos panfletos de Crivella, e afirmou que os vídeos foram enviados a um grupo de servidores municipais de diferentes áreas, incluindo Saúde e Educação, que estariam incomodados com o material divulgado pelo prefeito. Os panfletos acusavam Paes, de forma falsa, de trabalhar para implementar um suposto “kit gay” nas escolas, cuja existência já foi desmentida na última eleição pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Eles não podem divulgar que tem professor da rede municipal ensinando pedofilia. Isso é crime, é uma afronta ao funcionalismo público. Não estou preocupado com Crivella ou Paes, estou preocupado com a imagem do servidor – justificou Molina.
O guarda municipal lembrou também o episódio conhecido como “Guardiões do Crivella”, em que funcionários da prefeitura faziam abordagens agressivas a pacientes e jornalistas na porta de hospitais.
— Os guardiões do Crivella estão todos na porta das igrejas distribuindo esse material aí, e recebem mais do que funcionário público que estudou pra cacete, do que o guarda municipal que está na linha de frente quando tem desocupação e recolhimento de população de rua – reclamou.
Procurada, a assessoria de Eduardo Paes ainda não se manifestou sobre o assunto. O GLOBO não conseguiu localizar Roberto Figueiredo da Silva.
A Guarda Municipal informou, em nota, que “tomou conhecimento do fato e já abriu procedimento apuratório, após ter acesso ao registro de ocorrência feito na 22ª Delegacia de Polícia (Penha)”. A corporação pediu ainda que os cabos eleitorais que foram alvo das abordagens compareçam à Corregedoria para colaborar com a sindicância, e disse que “orienta todos os guardas municipais sobre as proibições previstas pela Lei Eleitoral”.
No domingo, ao menos um funcionário da prefeitura participou da distribuição do material de campanha de Crivella com falsas acusações contra Paes: Marcio Giglio Pimenta, nomeado administrador regional da Ilha do Governador. Pimenta foi flagrado entregando o material pró-Crivella em frente à Igreja Universal da Rua Carmbaúba, na Ilha. Procurado pelo GLOBO, ele afirmou que está de férias desde o início do mês para poder “trabalhar em paz”. Pimenta era também um dos integrantes do grupo “Guardiões do Crivella”.
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