Milícias e tráfico patrocinam dezenas de candidaturas
Foto: Fabiano Rocha / Fabiano Rocha
Na noite de 17 de outubro, eleitores se reuniram no bairro de Itaipu, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, para uma caminhada em apoio ao vereador Márcio Cardoso Pagniez, o Marcinho Bombeiro (PSL), que tenta a reeleição. Seria mais um típico evento em ano eleitoral — com distribuição de panfletos e adesivos, cabos eleitorais balançando bandeiras e promessas feitas do alto do carro de som —, se não fosse por um detalhe: o candidato não compareceu. Pagniez está preso, acusado de chefiar uma milícia responsável por vários homicídios na região.
O caso não é isolado. Levantamento do GLOBO contabilizou 31 candidatos a prefeituras e câmaras de vereadores em todas as regiões do país com algum tipo de suspeita de envolvimento com o crime organizado (veja ao fim da reportagem quem é cada um dos 31 candidatos). Do total, 23 são alvos de inquéritos, réus na Justiça ou condenados por integrarem facções do tráfico, milícias e grupos de extermínio. Em outros oito casos, filhos, irmãos, mulheres e amigos usam os nomes dos criminosos para se eleger. Ao todo, 12 candidatos têm laços com milícias e grupos de extermínio; outros 19, com o tráfico.
Segundo o Ministério Público, Pagniez, ex-presidente da Câmara de Belford Roxo, é o mandante da execução de dois usuários de drogas, em abril de 2017. O vereador respondia ao processo em liberdade até setembro do ano passado, quando a promotoria pediu sua prisão por tentar matar, a tiros, uma testemunha, após ser denunciado à Justiça.
Pagniez é um dos dez candidatos a cargos eletivos em municípios da Baixada Fluminense contra quem pesam acusações de conexão com o crime organizado. Em Duque de Caxias, Danilo Francisco da Silva, o Danilo do Mercado (PR), é postulante a uma vaga na Câmara dos Vereadores. Em meio à pré-campanha, em agosto, o político foi alvo de uma operação da Polícia Civil sob suspeita de ser chefe de um grupo de extermínio e ter encomendado a morte de um homem que não topou vender um terreno a ele.
Já o prefeito afastado de Japeri e candidato à reeleição, Carlos Moraes (PSDB), é réu na Justiça pelo crime de associação para o tráfico. Moraes foi flagrado em interceptações telefônicas passando informações sobre operações policiais a um chefe do tráfico da cidade. Segundo o MP, os “diálogos explícitos” demonstram seu “profundo comprometimento com a defesa dos interesses da organização criminosa”. Moraes chegou a ser preso, mas foi solto em outubro de 2019 —desde então, está afastado do cargo e proibido de frequentar a prefeitura.
Em Mato Grosso do Sul, um candidato a vereador acusado de integrar a maior facção do tráfico de São Paulo pede votos aos eleitores usando tornozeleira eletrônica. Rafael Santana de Souza, o Rafael Chupim (PMDB), preso em junho pela Polícia Federal, tenta uma vaga na Câmara de Aral Moreira — cidade na fronteira com o Paraguai. Ele foi detido em flagrante, com outros quatro homens, numa casa em que policiais federais apreenderam mais de 500 quilos de maconha. Um mês depois, Chupim foi solto, mas a Justiça determinou que ele fosse monitorado: o candidato só pode fazer campanha até as 22h; depois, tem que voltar para casa.
Acusações de tráfico não são novidade para políticos de Aral Moreira. O atual prefeito, Alexandrino Arevalo Garcia (PSDB), que tenta a reeleição, foi condenado a quatro anos e oito meses em regime semiaberto por fazer parte de um esquema de tráfico internacional de drogas. Além de Garcia, outros dois condenados por integrarem organizações criminosas disputam o voto do eleitor pelo país: o sargento PM Wainer Teixeira Junior (PSD), condenado por chefiar a milícia de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, tenta uma vaga na câmara do município; já Radson Alves de Souza (Cidadania), candidato a vice-prefeito de Tonantins, no Amazonas, recebeu uma pena de seis anos por lavar dinheiro de uma facção do tráfico.
ar do marido, o vereador Rinaldo Eufrasino de Andrade, preso em janeiro acusado de chefiar um grupo de extermínio. Segundo as investigações, ele planejava matar um colega de Câmara.
Os candidatos ligados ao crime organizado:
Alex de Almeida Brasil (PV): Candidato a vereador em Queimados (RJ). Usa o nome ligado a Davi Brasil, vereador que já foi preso acusado de integrar milícia.
Alexandrino Arévalo Garcia (MDB): Prefeito e candidato à reeleição em Aral Moreira (MS). Condenado a quatro anos de prisão por integrar quadrilha internacional de tráfico de drogas.
Altamir Santa Maria do Amaral (MDB): Candidato a vereador em Igarapé-Miri (PA). Irmão de Pé de Boto, prefeito preso por chefiar grupo de extermínio
André Antonio Lopes do Nascimento (PSD): Candidato a vererador em Magé (RJ). Foi alvo de operação, suspeito de ter relação com a milícia.
Antônio Carlos de Barros Vieira (Republicanos): Vereador, candidato à reeleição em Sapucaia do Sul (RS). Preso em operação contra lavagem de dinheiro do tráfico, é réu.
Calistro Lemes do Nascimento (DEM): Vereador, candidato à reeleição em Várzea Grande (MT). Ex-PM, foi preso acusado de ter ligação com facção do tráfico. É réu.
Carlos Moraes Costa (PSDB): Prefeito e candidato à reeleição em Japeri (RJ). Foi preso em operação contra o tráfico. É réu.
Carminha Jerominho (PMB): Candidata à vereadora no Rio de Janeiro (RJ). Filha de Jerominho, condenado a 19 anos de prisão por chefiar maior milícia do Rio
Cristiano Santos Hermógenes (PL): Candidato a prefeito de Belford Roxo (RJ). Irmão do Marcinho VP, um dos maiores chefes da facção.
Daniel de Carvalho Marques (PTC): Candidata à vereador no Rio de Janeiro (RJ). Filho de Deco, condenado por integrar milícia.
Danilo Francisco da Silva (MDB): Candidato a vereador em Duque de Caxias (RJ). Alvo de operação, suspeito de chefiar milícia.
Diogo Michel Canata (SD): Vereador e candidato à reeleição em Alvorada do Sul (PR). Está preso, sob acusação de integrar o tráfico.
Eliaquim Pinheiro da Costa (DC): Candidato a vereador em Salvador (BA). Soldado preso sob acusação de chefiar grupo de extermínio.
Elisamar Miranda Joaquim (PDT): Candidato a vereador em Belford Roxo (RJ). Irmão de Criam, chefe do tráfico do Complexo do Roseiral, preso durante o período eleitoral. É réu.
Flavio Rodrigues Nishyama Filho (PTB): vereador candidato à reeleição em Caraguá (SP). É réu e foi preso por ligação com o tráfico.
Gerson Chrisostomo Ferreira (PDT): Ccandidato a vereador em Volta Redonda (RJ). É réu por ligação com o tráfico, foi preso em flagrante.
Gisckard Ranniery Lacerda da Silva (PSDB): Candidato a vereador em Areia Branca (RN) – Preso durante a campanha, é réu por ligação com o tráfico
José Carlos de Souza Nascimento (PTB): Vereador, candidato à reeleição em Suzano. Preso, é réu por ligação com o tráfico.
Márcio Cardoso Pagniez (PSL): Vereador e candidato à reeleição em Belford Roxo (RJ). É réu acusado de integrar milícia e está preso.
Ney Santos (Republicanos): Prefeito e candidato à reeleição em Embu das Artes (SP). Acusado de ligação com facção criminosa
Patrícia de Rinaldo do Gavião (Cidadania): Candidata a vereadora em Princesa Isabel (PB). Usa o nome do marido, vereador preso por chefiar grupo de extermínio
Radson Alves de Souza (Cidadania): Candidato a vice-prefeito em Tonantins (AM). Condenado por lavar dinheiro de facção criminosa.
Rafael Santana de Souza (MDB): Candidato a vereador em Aral Moreira (MS). É réu por ligação com o tráfico, faz campanha com tornozeleira eletrônica.
Romário Pereira da Silva (PSC): Candidato a vereador em Areia Branca (RN). É réu, foi preso durante a campanha por ligação com o tráfico.
Valmir Santos Filho (PSL): Candidato a vereador em São Gonçalo – réu, foi Preso em flagrante por ter produtos roubados em oficina; polícia investiga lavagem de dinheiro do tráfico
Victor Hugo Leonel da Silva (SD): Candidato a vereador em Duque de Caxias (RJ). É filho de Chiquinho Grandão, condenado por integrar milícia
Wagner Feitosa (SD): Vereador candidato à reeleição em Boa Vista (RR). É réu e suspeito de se eleger com dinheiro de facção criminosa.
Wainer Teixeira Junior (PSD): Candidato a vereador em Maricá (RJ). Condenado por integrar milícia
Waldir Brazão (Avante): Candidato a vereador no Rio. Usa o nome de suspeito de ligação com a milícia
Wesley George de Oliveira (DEM): Vereador candidato à reeleição em Japeri (RJ). Réu, foi preso em operação contra o tráfico.
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