Morte no Carrefour é igual à de George Floyd
Foto: Reprodução
João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, homem negro morto em um supermercado Carrefour de Porto Alegre na noite de quinta-feira (19), sofreu asfixia, de acordo com informações preliminares da delegada responsável por investigar o caso.
À CNN, Roberta Bertoldo, do 2º Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, afirmou que os dois seguranças do mercado já foram presos e serão indiciados por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil e por não darem chances de defesa à vítima.
A delegada informou ainda que outras duas pessoas serão investigadas no inquérito. Ainda segundo Bertoldo, a família ainda aguarda a liberação do corpo da vítima pelo Instituto Médico Legal (IML).
De acordo com a Polícia Civil, houve um incidente ainda não esclarecido dentro do supermercado. O cliente, então, foi conduzido por dois seguranças até o estacionamento e, após passar pela porta do local, a polícia disse que ele teria dado soco em um dos vigias, o que iniciou os ataques violentos contra ele.
A vítima chegou a ser atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas acabou morrendo.
Um vizinho da vítima, que diz ter testemunhado as agressões, afirmou nesta sexta-feira (20) que cerca outros oito seguranças ficaram no entorno da área, impedindo a aproximação das pessoas que tentavam parar com as agressões.
“Não pararam. A gente gritava ‘tão matando o cara’, mas continuaram até ele parar de respirar, fizeram a imobilização com o joelho no pescoço do Beto, tipo como foi com o americano [George Floyd, morto por policiais neste ano nos Estados Unidos].”
Em manifestação nas redes sociais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou nesta sexta-feira (20) que a polícia apurará todas as circunstâncias do caso.
“Infelizmente, neste dia em que deveríamos celebrar essas políticas públicas nos deparamos com cenas que nos deixam indignados pelo excesso de violência que levou à morte de um cidadão negro em um supermercado aqui na capital gaúcha”, disse Leite, em vídeo publicado em suas redes sociais.
“Os inquéritos policiais estão sendo levados adiante com muito rigor. Aqueles que se envolveram, [estão] detidos e já [foi] apresentado também o inquérito por homicídio triplamente qualificado. Toda a investigação vai se dar no curso desse processo”, completou o governador.
Em nota, o Carrefour disse que “lamenta profundamente o caso” e que “adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso”.
A empresa informou ainda que vai romper o contrato com a companhia responsável pelos seguranças que cometeram a agressão e demitirá o funcionário que estava no comando da loja no momento do crime. A loja vai permanecer fechada nesta sexta.
“Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente”, diz o comunicado do Carrefour. “Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam.”
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