Movimentos antivacina podem provocar epidemia de meningite

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Foto: Reprodução

Em 2009, aos 18 anos, o então estudante paulistano Pedro Pimenta foi infectado por uma bactéria, quase morreu, e como consequência teve que amputar braços e pernas. Ele teve meningococcemia, uma infecção generalizada causada pela bactéria Neisseria meningitidis, também conhecida como meningococo(1), que rapidamente se espalhou pela corrente sanguínea. Pedro praticava esportes e tinha alimentação saudável. Chegou ao hospital com menos de 1% de chance de sobreviver e ficou quase seis meses internado. Hoje, aos 29 anos, tem total independência, morou durante anos sozinho nos Estados Unidos e viaja dando palestras sobre sua história de superação e a importância da prevenção através da vacinação.

— A melhor forma de se proteger é a vacinação — defende o infectologista e gerente de vacinas da farmacêutica GSK, Jessé Reis Alves.

A meningite meningocócica (infecção das membranas que recobrem o cérebro) é causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) e leva à morte 2 em cada 10 pessoas acometidas pela doença, no Brasil. (1, 3)

— É uma doença muito agressiva, embora não seja tão frequente. É aguda, de evolução rápida, com letalidade alta e pode deixar sequelas extremamente graves, como no caso do Pedro — diz o médico —Entre os sobreviventes, de 10% a 20% ficam com sequelas como amputação de membros (braços e pernas), surdez, cegueira ou problemas neurológicos. (1)

Cinco tipos (conhecidos como sorogrupos) de meningococo causam a maioria dos casos. São eles: A, B, C, W e Y. O sorogrupo mais frequente no Brasil é o C, razão pela qual a vacina foi incluída em 2010 no calendário infantil do Programa Nacional de Imunizações (PNI). (1,4) Desde 2017, a vacina contra o meningococo C foi estendida aos adolescentes. E neste ano, o Ministério da Saúde ampliou a proteção para adolescentes entre 11 a 12 anos de idade com a disponibilização da vacina conjugada ACWY.(9)

No entanto, a proporção de casos de doenças meningocócicas pelo sorogrupo B vem aumentando durante os anos em todas as faixas etárias. Segundo dados recentes do SIREVA (Sistema Regional de Vacinas), o sorogrupo B é o principal causador de doença meningocócica em bebês, crianças maiores e adolescentes até os 14 anos de idade. 8 São dados representativos da mudança epidemiológica que vivemos atualmente. (6,7)

De acordo com o médico, a vacinação dos adolescentes é importante não apenas para proteção individual, mas coletiva, já que estes podem ser portadores sadios de algumas doenças, como a bactéria que causa a meningite meningocócica. Ou seja, embora eles possam não contrair a doença, podem transmitir para outras pessoas, como bebês e crianças menores.

— O adolescente pode carregar a bactéria na garganta e transmitir para pessoas de outras faixas etárias. Frequentar ambientes com aglomeração, compartilhar bebidas e cigarros, beijar. Todos são hábitos muito comuns entre os jovens. Além de outras formas comuns de transmissão, inclusive semelhantes à Covid-19, como tosse e espirro. Por isso eles têm maiores chances de serem portadores da bactéria — diz o infectologista.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, tem oferta de vacinas para todas as idades, inclusive para adolescentes (5). A rede privada complementa essa vacinação. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) tem um calendário exclusivo para adolescente (6). A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também tem informações para essa faixa etária em seu calendário (7).

Material destinado ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.

Referências

1 – SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Doença meningocócica (DM). 2020. Disponível em: <https://familia.sbim.org.br/doencas/doenca-meningococica-dm>. Acesso em: 14 set. 2020.

2 – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Meningococcal meningitis. Disponível em: <www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/meningococcal-meningitis>. Acesso em: 14 set. 2020.

3 – Pesquisa realizada na base de dados DATASUS, utilizando os limites “EVOLUÇÃO” para Linha, “FAIXA ETÁRIA” para Coluna, “CASOS CONFIRMADOS” para Conteúdo, “2019” para Períodos Disponíveis, “MM”, “MCC” e “MM+MCC” para Etiologia, e “TODAS AS CATEGORIAS” para os demais itens. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/meninbr.def. Acesso em: 21 maio 2020.

4 – BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário Vacinal PNI. Disponível em: https://www.saude.go.gov.br/files/imunizacao/calendario/Calendario.Nacional.Vacinacao.2020.atualizado.pdf>. Acesso em 09 de Out. de 2020.

5 – BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação do Adolescente 2020. Disponível em: <https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/04/Calendario-Vacinao-2020-Adolescente.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2020.

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6 – SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário de vacinação do adolescente: recomendações da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) – 2020/2021 (atualizado até 02/06/2020). Disponível em: <https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-adolescente.pdf>. Acesso em: 14 set. 2020.

7 – SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Calendário de vacinação da SBP 2020. Disponível em: <https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22268g-DocCient-Calendario_Vacinacao_2020.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2020.

8 – SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. SBP comemora incorporação da vacina meningocócica ACWY como reforço para os adolescentes. Disponível em: <https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-comemora-incorporacao-da-vacina-meningococica-acwy-como-reforco-para-os-adolescentes/> Acesso em 24 de Out. 2020

9 – SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS ADOLFO LUTZ. Informação da vigilãncia das pneumonias e meningites bacteranas. Disponível em: <http://www.ial.sp.gov/resources/instituto-adolfo-lutz/publicacoes/sireva_2019.pdf. Acesso em19. set 2020.

NP-BR-ABX-WCNT-200011 – OUT/2020

O Globo 

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