Otan discute como enfrentar a China

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Foto: Daniel Berehulak/Getty Images/VEJA

O relatório “Otan 2030”, que será publicado na terça-feira, 1, afirma que a Organização do Tratado do Atlântico Norte deve concentrar-se em como lidar com a ascensão econômica e militar da China, que viu seu protagonismo aumentar durante a pandemia do novo coronavírus. Contudo, o texto continua destacando a Rússia como principal adversário da década.

Preparado por um grupo de chamados “sábios” e contendo 138 propostas, o relatório faz parte da proposta mais ampla de reforma da aliança militar. Dúvidas crescentes sobre o propósito e a relevância do grupo foram marcadas por comentários do presidente francês, Emmanuel Macron, que no ano passado disse que a Otan havia sofrido “morte cerebral”.

“A China não é mais um parceiro comercial benigno do Ocidente. É a potência em ascensão do nosso século e a Otan deve se adaptar”, disse um diplomata do grupo que viu o relatório.

O texto aponta a atividade chinesa no Ártico e na África, além de seus pesados ​​investimentos em infraestrutura europeia, como evidências de sua expansão. Para manter-se relevante – e fora dos aparelhos respiratórios –, a Otan indica necessidade de manter uma vantagem tecnológica sobre a China, protegendo redes e infraestrutura de computadores, segundo o mesmo diplomata.

Somado a isso, os 30 membros da aliança militar também devem estreitar laços com países fora do grupo, como a Austrália – também em rusga com a China. O relatório sugere que a Otan também concentre-se na dissuasão espacial (em referência à dissuasão nuclear do período da Guerra Fria), já que os chineses estão em um ritmo acelerado de desenvolvimento na área.

Nesta segunda-feira, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, confirmou que a ascensão da China representa “desafios importantes para a nossa segurança”.

“A China não compartilha nossos valores e tenta intimidar outros países”, disse Stoltenberg, em coletiva de imprensa. Ele indicou preocupação com o investimento maciço em novas armas e afirmou que “[a China] está cada vez mais perto de nós”. Contudo, o grupo não chega a declarar o país como um adversário.

O relatório será discutido pelos ministros das Relações Exteriores da aliança na terça-feira, 1, antes de ser apresentado aos chefes de Estado dos 30 membros no ano que vem.

Entre outras recomendações, o texto sugere que os ministros de Comércio Exterior se reúnam com mais regularidade e que a Otan assuma maior protagonismo como mediadora internacional. Contudo, a prioridade permanece a mesma: a Rússia.

Em 1949, a aliança já foi fundada com objetivo de conter a ameaça militar da União Soviética. Mais recentemente, as preocupações da Otan com a região voltaram, desde a anexação da Crimeia por Moscou em 2014. Por isso, a maioria dos recursos ainda é direcionada à defesa da Europa.

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