Sem dinheiro que deveriam receber, negros não se elegem
Foto: Getty Images
Mesmo com o recorde de candidaturas negras nas eleições deste ano, o número de vereadores negros que vão ocupar vagas nas Câmaras Municipais do país oscilou muito pouco com relação ao pleito de 2016. Há quatro anos, 42,1% dos eleitos se declararam negros; agora, são 44,7% dos mais de 58 mil vereadores eleitos.
As eleições de 2020 tiveram a maior proporção e o maior número de candidatos negros já registrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Exatamente 50% dos candidatos se declararam pardos ou pretos, raças que, juntas, formam os negros, segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando apenas os candidatos a vereador, o percentual foi ligeiramente mais alto (51%).
Além disso, pela primeira vez desde que o TSE passou a coletar informações de raça, em 2014, os candidatos brancos não representaram a maioria dos concorrentes às vagas eletivas (48%).
Porém os dados apontam que, mesmo com essa perda de predominância entre os concorrentes, os brancos continuam sendo maioria entre os vereadores eleitos. Quase 54% dos políticos que devem ocupar as Câmaras Municipais do país a partir do ano que vem se declaram dessa forma.
A proporção diminuiu em relação a 2016, quando 57,1% dos eleitos eram brancos. De qualquer forma, as Câmaras continuam mais brancas do que a população brasileira em geral. Segundo o IBGE, 42,7% dos brasileiros são brancos, e 56,2%, negros.
A mesma sub-representação se verifica entre os eleitos para o cargo de prefeito neste ano, e de forma ainda mais acentuada: há muito mais brancos (67%) e bem menos negros (32,1%).
Essa também é a realidade da maioria dos estados. Comparando o perfil racial dos vereadores eleitos e o da população de cada unidade da federação, é possível constatar que 22 dos 26 estados devem ter Câmaras Municipais mais brancas e menos negras que os habitantes locais.
A maior diferença é a do Rio de Janeiro. Quase 66% dos vereadores eleitos nas cidades do estado são brancos, percentual bem mais alto que o da população que se declara como tal (45,4%).
Já os estados que têm menor proporção de vereadores brancos são Acre, Amapá, Roraima e Sergipe. A diferença mais acentuada, contudo, não é tão grande como no caso do Rio: Roraima elegeu 13,4% vereadores brancos, e lá 19,9% da população se declara assim.
As Câmaras mais brancas serão as dos estados do Rio Grande do Sul (93,5% dos vereadores eleitos) e de Santa Catarina (93%). Os dois são também os estados com as populações mais brancas do país — 79% e 80,2%, respectivamente.
Já as Câmaras com mais pretos e pardos serão as de Amapá (82,1% dos eleitos) e Roraima (80,3%), estados com elevada população negra — 81% e 73,7%, respectivamente.
Entre os partidos, 17 elegeram vereadores majoritariamente brancos. Dos 29 vereadores eleitos pelo Novo, por exemplo, 28 se declararam brancos.
Já quase 70% dos eleitos pelo PC do B são pretos ou pardos.
Veja abaixo o perfil racial dos prefeitos eleitos no primeiro turno por partido. Apesar de pardos e pretos serem classificados negros, essas duas categorias foram deixadas separadas no gráfico, porque há o caso de um partido que não elegeu nenhum candidato preto (apenas pardos).
O perfil racial dos candidatos foi alvo de discussões nesta eleição. Esse foi o primeiro pleito em que os partidos tiveram de cumprir regras sobre os repasses de verbas do Fundo Eleitoral para os candidatos negros. A legislação determinou que a mesma proporção de candidaturas negras lançadas pelo partido deve ser encontrada também na distribuição dos recursos.
Dados parciais de prestação de conta apontaram, porém, que muitos partidos não têm cumprido as regras eleitorais sobre o financiamento de campanha dos candidatos negros. Um levantamento do G1 feito até 5 de novembro apontou que 24 siglas repassaram menos dinheiro aos candidatos negros do que a proporção de candidatos lançados.
Além disso, chamou a atenção o fato de que milhares de candidatos mudaram suas autodeclarações raciais nesta eleição. No final de setembro, o G1 mostrou que pelo menos 25 mil concorrentes alteraram suas raças, sendo que 40% deixaram de ser brancos e passaram a se considerar negros.
O blogueiro Eduardo Guimarães foi condenado pela Justiça paulista a indenizar o governador João Doria em 20 mil reais. A causa foi um erro no título de matéria do Blog da Cidadania. O processo tramitou em duas instâncias em seis meses DURANTE A PANDEMIA, com o Judiciário parado. Clique na imagem abaixo para ler a notícia
Quem quiser apoiar Eduardo e o Blog da Cidadania pode depositar na conta abaixo.
CARLOS EDUARDO CAIRO GUIMARÃES
BANCO 290 – PAG SEGURO INTERNET SA
AGÊNCIA 0001
CONTA 07626851-5
CPF 100.123.838-99
Eduardo foi condenado por sua ideologia. A ideia é intimidar pessoas de esquerda. Inclusive você. Colabore fazendo um ato político, ajudando Eduardo com qualquer quantia.