Trump deve perder por pouco

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Foto: Andrew Harnik/AP Photo

Os EUA chegaram ao último dia de votação com expectativa de atingir o maior comparecimento eleitoral em mais de um século, em uma disputa acirrada entre Donald Trump e Joe Biden.

Com 96% das urnas apuradas na Flórida, Trump conseguiu 51,2% dos votos no estado que era seu tudo ou nada, segundo o New York Times, o que fez o presidente ganhar musculatura na disputa. Os holofotes passaram, então, para os estados do Meio-Oeste, no chamado Cinturão da Ferrugem, onde a eleição americana deve ser decidida mais uma vez. Assim como em 2016, os resultados na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin terão peso decisivo na disputa.

A pandemia de coronavírus impulsionou o voto antecipado, presencialmente e por correio, e mais de 100 milhões de eleitores já haviam votado quando as urnas abriram nesta terça.

O número representa mais de 70% do total de votos registrados em 2016, disputa que levou até agora mais pessoas às urnas -140 milhões.

Em um país onde o voto não é obrigatório, os índices hiperbólicos deste ano sinalizavam que a disputa entre Trump e Biden poderia alcançar 160 milhões de votantes, ou seja, 67% de comparecimento -patamar alcançado pela última vez em 1908, segundo projeções do US Elections Project.

Em razão da pandemia que já matou mais de 232 mil pessoas no país, os estados americanos, que controlam as próprias regras de votação e apuração, facilitaram o acesso ao voto por correspondência.

As transformações, porém, também poderiam gerar atrasos e distorções iniciais na apuração e, portanto, ainda não era possível projetar um vencedor. Isso porque a maior parte dos votos antecipados foi feita por correio, e contabilizá-los leva mais tempo do que contar os registrados pessoalmente.

Estados que apuram primeiro os votos presenciais, portanto, poderiam dar vantagem inicial para Trump, porque essa é a modalidade mais usada por republicanos, mas nada impedia que o cenário mudasse conforme a contagem avançasse, com a entrada dos votos feitos por correio, de maioria democrata.

A confirmação de que Trump venceu na Flórida saiu por volta de 0h40 (2h40 no horário de Brasília), dando ao presidente os 29 votos que o estado tem no Colégio Eleitoral. Esse foi o primeiro resultado dos estados-pêndulo a aparecer de forma mais clara.

Há 20 anos, quem vence na Flórida leva também a Casa Branca e, desde 1924, um republicano não ganha a Presidência sem o estado. Segundo projeções do site FiveThirtyEight, o presidente tinha, de saída, 125 dos 270 votos necessários no Colégio Eleitoral para ser eleito.

Os votos são provenientes de 20 estados em que liderava com folga, de tradição republicana, como Tennessee e Indiana, cujas projeções de vitória de Trump já haviam saído às 21h (23h em Brasília).

Biden, por sua vez, tinha 212 votos de início, de 17 estados mais o Distrito de Columbia, que costumam votar em democratas. Nova York e Illinois eram dois deles, e suas projeções de vitória para Biden também já haviam sido feitas no início da noite.

A Flórida, por sua vez, era um dos 13 estados considerados em disputa e fundamentais para construir o caminho à Casa Branca. Trump, porém, ainda precisa vencer em outras regiões decisivas para conseguir se reeleger.

Na tarde desta terça, Biden tinha dito que, se os resultados da Flórida chegassem e o mostrassem vencedor, a disputa acabava. “Se os resultados da Flórida chegarem e mostrarem que eu ganhei, é isso. Acabou. Se eu não ganhar, tem a contagem dos votos antecipados, e devemos nos sair bem em outros estados”, disse. “Tenho um bom pressentimento sobre isso.”

As urnas da Flórida fecharam às 19h (21h de Brasília), e a lei local permitiu que a contagem dos votos por correio fosse feita conforme eles chegassem. Assim, no início da apuração, o estado já tinha uma votação adiantada -e com vantagem de Biden, já que a maioria dos eleitores que votaram por correspondência é de democratas.

Trump, porém, virou logo, impulsionado, principalmente por latinos de ascendência venezuelana e cubana, além dos latinos evangélicos. Em alguns condados, o presidente foi melhor do que em 2016, quando venceu Hillary Clinton por apenas um ponto no estado.

Biden, por sua vez, tinha dificuldade de conquistar latinos -20% do eleitorado local- e tentava compensar com o voto de idosos da região central do estado, descontentes com a postura de Trump diante da pandemia que já matou mais de 232 mil americanos.

Às vésperas da eleição, o democrata liderava as pesquisas no estado, mas por pouca margem, média de dois pontos percentuais. Em outras regiões consideradas chave, como no Texas, os resultavam flutuavam durante a noite.

A disputa era apertada no estado, reduto republicano que, nos últimos anos, tem se movido mais à esquerda em razão de mudanças demográficas, com mais jovens e progressistas em suas áreas urbanas.

Valor Econômico