Bloco de Maia barra plano de Bolsonaro na Câmara
Foto: Agência Câmara
A aliança de 11 partidos anunciada nesta sexta-feira pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a disputa da Mesa Diretora da Casa, consolida um bloco antibolsonarista mais voltado a impedir que o governo avance em pautas conservadoras do que para tentar implementar uma nova agenda política. O nome adotado pelo grupo é simbólico: União da Democracia e da Liberdade. Na avaliação de cientistas políticos, trata-se de uma composição conjuntural, estratégica para fortalecer o parlamento.
— A agenda do bloco formado pelo Maia é muito mais reativa do que propositiva. É para não deixar fazer, colocando na presidência da Câmara alguém capaz de impedir que o governo implante pautas radicais e conservadoras nos costumes e antidemocrática na política — afirma Adriano Codato, professor de ciência política na Universidade Federal do Paraná.
Na avaliação de Codato, a aliança dos partidos ajuda a organizar a política brasileira em dois grandes blocos, tornando mais fácil a leitura da cena política, dividida em duas grandes forças. A nova frente, segundo ele, não tem capacidade de se organizar, por exemplo, na agenda econômica.
— A ideia é enfrentar uma batalha de cada vez. Política é pragmatismo, onde aliados e inimigos são definidos conforme a pauta. O Maia teve a capacidade de liderar a oposição ao Bolsonaro. Foi o grande líder da oposição até agora — explica.
Numa carta divulgada por Maia em uma rede social na manhã deste sábado, e assinada pelos representantes dos partidos, o grupo reconhece que tem muitas diferenças, mas diz que quer se fortalecer na civilidade e dentro das regras do jogo democrático. “Esta não é uma eleição entre o candidato A e o candidato V. Esta é a eleição entre ser livre ou subserviente; ser fiel à democracia ou ser aliado do autoritarismo; ser parceiro da ciência ou ser conivente com o negacionismo; ser fiel aos fatos ou ser devoto de fake news”, diz o texto, que ressalta o papel da Câmara para valorizar as instituições e a democracia.
Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Maia conseguiu juntar a centro-direita e a esquerda porque há grande desconfiança em relação aos próximos passos de Bolsonaro.
Para Teixeira, o objetivo de Bolsonaro ao se aproximar do centrão é tentar emplacar pautas conservadoras, num movimento semelhante ao registrado na Hungria, por exemplo, que na última terça-feira proibiu a adoção de crianças por casais do mesmo sexo e estabeleceu a educação com valores exclusivamente cristãos.
Na avaliação de Teixeira, se o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) chegar à presidência da Câmara ele dará prioridade a pautas que dão visibilidade a Bolsonaro, como redução da maioridade penal e limitação dos casos em que o aborto é permitido no país (quando a gravidez é de risco para mãe, decorrente de estupro ou se o feto for anencéfalo)
— É uma questão mais ampla que faz com que esses partidos estejam juntos sem diminuir as diferenças. Posições antagônicas em relação à privatização, tamanho do Estado e teto de gastos, por exemplo, permanecem. O que está em jogo são pautas de valores, que o Maia evitou até agora — diz ele.
Teixeira afirma ainda que, depois da derrota eleitoral significativa nas eleições municipais, o bolsonarismo nunca esteve tão isolado, além de enfrentar questões delicadas, como a suspeita da participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) orientando a defesa do senador Flávio Bolsonaro, e as sucessivas derrotas em relação à condução do combate ao coronavírus, principalmente em relação à vacinação.
O cientista politico Oswaldo Amaral, professor da Unicamp, também ressalta que o bloco formado por Maia é uma composição conjuntural.
— Ter a presidência da Câmara pode resultar em uma mudança nas relações com o Congresso. Mas o governo ainda se mostra muito tímido na sua capacidade de articulação. Um dos grandes erros da presidente Dilma Rousseff foi perder a presidência da Câmara para o deputado Eduardo Cunha — lembra Amaral.
O professor acredita que, para conquistar mais apoio à candidatura de Lira, o governo terá de conquistar votos de outros partidos, para além dos que já fecharam com ele até agora.
— Só a liberação de emendas parlamentares não devem garantir isso. O governo precisa sinalizar que vai negociar mais, oferecendo ministérios e pautas específicas de políticas públicas, ligadas a setores econômicos específicos — diz ele.
Os cientistas políticos lembram, no entanto, que apesar de Maia ter conseguido fechar acordo com os líderes dos 11 partidos, o voto para a presidência da Câmara é secreto e traições são comuns. Sérgio Praça, professor da FGV-RJ, afirma que a a escolha do nome para liderar a disputa pelo bloco de Maia é ainda um desafio, que pode levar ao fracasso do acordo. A candidatura de Arthur Lira, segundo ele, segue com bastante chance, embora com muito mais dificuldade do que o governo imaginava. Para ele, a formação do bloco não terá reflexo em outras agendas de votação.
— A oposição não tem nada em comum com o DEM, apenas o interesse de derrotar o Bolsonaro e o bloqueio de pautas.
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