Candidato de Bolsonaro a presidir Câmara hostiliza Maia
Foto: Cristiano Mariz/VEJA
Principal rival de Rodrigo Maia na Câmara, o líder informal do centrão na Câmara, deputado Arthur Lira, decidiu bater forte no colega, que agora não pode mais disputar um novo mandato no comando da Casa.
Num artigo publicado na Folha, o deputado não cita Maia, mas aplica um duro sermão ao afirmar que o “novo presidente da Câmara não pode confundir independência com isolamento”.
Além de bater em Maia, o deputado se assume abertamente um candidato com vocações governistas, ainda que diga que “o próximo presidente da Câmara não pode ser nem líder do governo nem líder da oposição. Tem que ser líder da Câmara”.
Lira afirma que “as instituições não vão aguentar dois anos de ‘quanto pior melhor’, com um presidente da Câmara sabotando o presidente da República”. De novo, não há o nome de Maia aqui, mas nem precisava.
“Não podemos nos dar ao luxo de ter uma pauta-bomba que destrói ou a pauta-bomba de nêutrons, que destrói sem parecer que destrói. Aquela que não vota nada e destrói o país porque nada é decidido”, afirma Lira.
Além de sugerir que Maia sabota o Planalto, o deputado segue. “Não sabotar não significa apoiar incondicionalmente”, afirma Lira, tentando distanciar-se do Planalto. “Temos que criar condições mínimas de governabilidade para que, seja quem for o próximo presidente da República, receba o país em condições de governar”, segue o deputado.
Lira aproveita o texto para fazer campanha, claro, ao sinalizar à oposição quando lamenta a prisão de Lula na Lava-Jato ou quando detona o impeachment de Dilma Rousseff que seus próprios aliados apoiaram gostosamente.
Encarnando o discurso golpista do bolsonarismo, o líder informal do centrão afirma que dificultar a vida do atual governo significa colocar a democracia em risco, como se a oposição não tivesse o direito de lutar por suas propostas. “Na terra arrasada não haverá vencedores dentro da democracia”, diz Lira.
Lira termina o artigo lembrando que a “harmonia é tão necessária neste momento de turbulência na economia, brasileira e mundial”: “O novo presidente não pode confundir independência com isolamento. A Coreia do Norte não é só independente, é isolada. O presidente da Câmara não pode ser uma espécie de Kim Jong-un”.
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